O Brasil encerrou outubro de 2025 com um recorde histórico de inadimplência empresarial. Segundo o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, 8,7 milhões de empresas possuíam ao menos uma conta em atraso no período. No Ceará, milhares de CNPJs fazem parte desse contingente, refletindo a deterioração do ambiente financeiro para os negócios.
As empresas inadimplentes acumulavam R$ 204,8 bilhões em dívidas, o maior valor já registrado na série histórica do indicador. Os setores mais afetados foram o de serviços, responsável por 32,2% dos débitos, seguido pelo segmento de bancos e cartões, com 19,3%.
Regionalmente, o Sudeste concentra o maior número de empresas endividadas, com mais de 4,6 milhões de CNPJs. Em seguida aparecem o Sul, com mais de 1,4 milhão, e o Nordeste, que soma mais de 1,3 milhão de empresas inadimplentes. Em relação a outubro do ano anterior, o número de negócios com dívidas cresceu em 1,7 milhão.
Após fechar 2024 com cerca de 7 milhões de empresas inadimplentes, o total subiu para 7,1 milhões já em janeiro de 2025 e manteve trajetória de alta ao longo do ano. Entre janeiro e outubro, foram incorporados 1,6 milhão de novos CNPJs ao indicador.
De acordo com a economista da Serasa Experian, Camila Abdelmalack, o recorde de inadimplência está ligado às fragilidades financeiras do setor corporativo. “A desaceleração na concessão de crédito tem limitado a capacidade das empresas de renegociar dívidas e reorganizar suas obrigações financeiras, aumentando a pressão sobre o caixa”, explicou. Ela acrescenta que o esfriamento da atividade econômica reduz a geração de receitas, criando um cenário desafiador para a liquidez e a sustentabilidade das operações, especialmente entre micro e pequenas empresas.
Em outubro de 2025, a dívida média por empresa alcançou R$ 23.658,74. Cada negócio inadimplente acumulava, em média, 7,1 contas em atraso, com valor médio de R$ 3.329,50 por compromisso vencido.
O diagnóstico da Serasa Experian aponta que mais de 94% dos CNPJs inadimplentes pertencem a micro, pequenas e médias empresas, o equivalente a cerca de 8,2 milhões de negócios. Esse grupo concentra 56,8 milhões de dívidas negativadas, que somam R$ 184,6 bilhões em valores em atraso, evidenciando a maior vulnerabilidade desse segmento diante do atual cenário econômico.
