Um novo estudo conduzido por pesquisadores do Brasil e da Califórnia sugere que beber um copo de suco de laranja sem açúcar por dia pode contribuir para uma vida mais longa e um coração mais saudável. A pesquisa analisou 20 adultos entre 21 e 36 anos, que consumiram 500 ml da bebida diariamente durante dois meses. Após esse período, amostras de sangue foram coletadas para avaliar mudanças em cerca de 1.700 genes presentes nas células imunológicas.
Os cientistas observaram alterações em genes associados ao funcionamento dos vasos sanguíneos, ao metabolismo e à resposta inflamatória — fatores diretamente ligados ao risco de desenvolvimento de doenças cardíacas. Segundo os autores, os resultados reforçam o potencial dos flavonoides, antioxidantes naturais presentes na laranja, em modular processos importantes para a saúde cardiovascular.
Antioxidantes que atuam no DNA e nas células
Os flavonoides, também encontrados em frutas vermelhas, chá e cacau, desempenham papel importante na defesa celular. Eles combatem os radicais livres — moléculas instáveis que, em excesso, provocam danos ao DNA, às proteínas e aos lipídios das células. Esse processo leva ao chamado estresse oxidativo, condição que desencadeia inflamação e aumenta o risco de doenças crônicas como câncer e enfermidades cardíacas.
Os autores do estudo destacaram que os efeitos positivos observados estão relacionados ao suco de laranja sem adição de açúcar. Já sucos adoçados são associados a maior risco cardíaco, pois podem provocar picos de glicemia e inflamação nos vasos sanguíneos.
Uma das principais causas de morte
As doenças cardíacas seguem como a principal causa de morte nos Estados Unidos, vitimando cerca de 1 milhão de pessoas a cada ano. Diante desse cenário, os pesquisadores acreditam que entender como alimentos comuns afetam a expressão genética pode ajudar na criação de estratégias de prevenção mais eficientes.
“Essas descobertas reforçam o potencial terapêutico do suco de laranja, fornecendo informações inéditas sobre os mecanismos moleculares por trás de seus efeitos na saúde”, escreveram os autores.
Como o estudo foi conduzido
Três dias antes do experimento, publicado na revista Molecular Nutrition & Food Research, os participantes tiveram de evitar frutas cítricas para não interferir nos resultados. Em seguida, consumiram 500 ml de suco de laranja diariamente durante 60 dias.
Peso influenciou os resultados genéticos
As mudanças genéticas variaram de acordo com o peso corporal:
- Participantes com peso normal apresentaram alterações em genes ligados à inflamação.
- Participantes com sobrepeso mostraram modificações em genes relacionados ao metabolismo de gorduras, mecanismo que pode ajudar o corpo a usar energia de forma mais eficiente e evitar o acúmulo de gordura — um dos principais fatores de risco cardíaco.
Segundo os cientistas, isso aponta para respostas moleculares diferentes conforme o perfil metabólico. “Os resultados também sugerem que o peso corporal pode influenciar a resposta aos compostos bioativos do suco de laranja, abrindo caminho para recomendações alimentares mais personalizadas”, afirmaram.
Estudo é promissor, mas ainda limitado
Apesar dos achados, os pesquisadores reforçam que o estudo tem limitações importantes, como o número reduzido de participantes e a ausência de uma bebida de controle para comparação. Eles defendem que pesquisas maiores e mais robustas são necessárias antes de qualquer recomendação definitiva.
Ainda assim, o trabalho abre novas possibilidades sobre o papel de alimentos ricos em flavonoides na prevenção de doenças e no funcionamento do organismo.
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