
A Região de Planejamento da Grande Fortaleza desponta como a mais próspera do Ceará em termos de renda, segundo observou o Ipece/Informe Nº 271 – julho/2025, e que analisou as desigualdades territoriais de rendimento a partir do Censo Demográfico de 2022. Com valor médio de R$ 2.609,36 para os responsáveis pelos domicílios, a região não apenas lidera o ranking estadual, como também abriga os municípios com maior dinamismo econômico, como Eusébio, Fortaleza, Itaitinga, Aquiraz, Caucaia e Maracanaú. A forte urbanização, a presença de setores produtivos consolidados e o alto nível de formalização do mercado de trabalho ajudam a explicar essa posição de destaque.
Em seguida, aparecem as regiões do Cariri, com média de R$ 1.570,30, e do Sertão de Sobral, com R$ 1.562,68. Ambas se beneficiam da presença de polos urbanos fortes, como Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha e Sobral, que concentram atividades econômicas regionais importantes. No entanto, o estudo também revela o outro lado do retrato: o Maciço de Baturité, o Sertão de Canindé e o Litoral Oeste/Vale do Curu amargam os menores valores de renda média mensal, todos pouco acima dos R$ 1.240,00 – ainda que superiores ao salário mínimo de 2022 (R$ 1.212,00).
Elaborado por uma equipe técnica do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) e divulgado nessa segunda-feira (20/07), o estudo destaca que o objetivo é fornecer um diagnóstico aprofundado das desigualdades de renda entre as 14 Regiões de Planejamento e os 184 municípios cearenses. Segundo o analista de Políticas Públicas Cleyber Nascimento de Medeiros, o trabalho chama atenção para os contrastes que coexistem dentro das próprias regiões. “Mesmo em áreas com rendimento médio mais elevado, há municípios com renda significativamente inferior, o que revela a complexidade do cenário socioeconômico do Ceará”, observa.
Municípios
No recorte municipal, o destaque vai para Eusébio, que registrou a maior renda média entre os responsáveis pelos domicílios no Ceará: R$ 4.607,83, valor consideravelmente superior ao da própria capital, Fortaleza, que aparece em segundo lugar com R$ 3.084,07. Além destes, outros municípios da Grande Fortaleza figuram entre os mais bem posicionados: Aquiraz (R$ 2.025,55), Itaitinga (R$ 1.821,18), Caucaia (R$ 1.782,25) e Maracanaú (R$ 1.737,23). Fora da capital e seu entorno, também se destacam Jaguaribara, com R$ 2.258,48, e Sobral, Crato, Barbalha e Juazeiro do Norte, todos com valores acima de R$ 1.860,00.
Na outra ponta, os 20 municípios com as menores rendas médias estão todos abaixo do salário mínimo de 2022. Miraíma, Tejuçuoca, Ararendá, Deputado Irapuan Pinheiro e Graça ocupam as últimas colocações, com valores que variam entre R$ 1.003,70 e R$ 1.058,02. Essas localidades estão concentradas em regiões interioranas com menor grau de urbanização e menor dinamismo econômico, como o Sertão Central, o Litoral Norte, o Sertão de Canindé e o Maciço de Baturité. A pesquisa confirma um cenário de disparidades que desafia as políticas públicas. Para Cleyber Nascimento, o levantamento deve servir como base técnica para decisões governamentais mais precisas.