Paraíba: cidade zera fila do SUS em dois dias com ação de startup social

Blog do  Amaury Alencar
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Triagem de pacientes durante a ação em Bananeiras (PB).(foto: SAS Brasil)

Triagem de pacientes durante a ação em Bananeiras (PB).(foto: SAS Brasil)

A cidade de Bananeiras, no interior da Paraíba, conseguiu zerar a fila do Sistema Único de Saúde (SUS) de cinco especialidades médicas em dois dias. Foram elas: odontopediatria, oftalmopediatria, ortopedia, urologia e dermatologia. O pequeno município, com cerca de 20 mil habitantes, levaria cerca de dois anos para cumprir todos os atendimentos realizados, conforme a secretária de Saúde local, Ledna Jeronimo.

O feito foi atingido após ação da startup social SAS Brasil, que tem atuação integrada ao SUS e trabalha de forma itinerante para áreas carentes de acesso a médicos especialistas, resolvendo os problemas de saúde desde a prevenção até o diagnóstico e o tratamento. Durante a última edição do Rally dos Sertões, a instituição tirou 625 pessoas da fila do SUS em Bananeiras e outras três cidades do Nordeste.

Manuel Carneiro, coordenador de Saúde da SAS Brasil, aponta que a pandemia do novo coronavírus “escancarou o abismo social” existente no Brasil, evidenciando a má distribuição de médicos especialistas no País. Para ele, uma das apostas para aperfeiçoar a saúde pública brasileira é o investimento em telessaúde.

“A pandemia abriu a possibilidade de aplicarmos o teleatendimento até então muito criticado e visto de uma forma preconceituosa, porém que demonstrou sua eficácia, viabilidade e valor, sendo responsável pela continuidade e acesso a muitas pessoas neste período”, aponta Carneiro, ressaltando que, em alguns casos, moradores do interior do País precisam percorrer mais de 1.200 quilômetros para receber atendimento médico.

Além da telemedicina, a instituição tem outros dois focos para combater os problemas de saúde no território brasileiro. “Consideramos a saúde infantil, uma vez que problemas de visão e dor de dente são responsáveis por muitos problemas de evasão escolar e desatenção em sala de aula. Outro pilar é a saúde da mulher, com todo cuidado com a saúde integral. Acreditamos que ao iniciar o cuidado com as mulheres chefes de família, em pouco tempo esse cuidado também recairá sobre todo seu núcleo familiar”, argumenta o especialista.

Ceará tem décima pior colocação em ranking de médicos per capita, aponta pesquisa

O Ceará tem 1,65 médicos a cada mil habitantes, de acordo com a edição de 2020 da pesquisa Demografia Médica, realizada pela Universidade de São Paulo (USP) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). A Federação ocupa a décima pior colocação entre os 26 estados do Brasil e o Distrito Federal. Já em relação ao Nordeste, o Ceará fica em quinto, atrás de Paraíba (2,04) Pernambuco (2,02), Rio Grande do Norte (1,92) e Sergipe (1,90).

Há ainda uma diferença significativa entre as capitais e as cidades do interior do País. No Nordeste, por exemplo, nenhum dos estados supera a proporção de 1 médico a cada mil habitantes quando se trata das áreas fora das capitais e de grandes regiões. No Ceará, são 0,60 médicos para cada mil habitantes do Interior.

Comparado a outras regiões os dados são consideravelmente inferiores. São Paulo, por exemplo, tem 3,20 médicos a cada mil habitantes quando se leva em conta toda a população do estado — quase o triplo da razão cearense. Fora a capital do estado sudestino, os números ficam em 2,30, representando a região interiorana com maior número de médicos per capita.

No relatório, os pesquisadores apontam que ao longo dos últimos anos houve um crescimento no número de registros de médicos, mas a desigualdade persiste entre as regiões. “O País e sua população não se beneficiam igualmente desse crescimento, que sequer foi avaliado à altura da complexidade de questões como a qualidade da formação e os movimentos e condições de absorção dos novos profissionais pelo sistema de saúde”, enfatizam.


                       O POVO 

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