Com mais de 40 dias desde o primeiro caso
de coronavírus e após superar a marca de 400 mortes, não se tem uma
completa visão da capacidade total de leitos, comuns e de terapia
intensiva (UTI), disponíveis para tratar pacientes com a Covid-19 no
Ceará. Apesar de ser um dos estados brasileiros com maior transparência
durante a pandemia, o Estado segue anunciando abertura de leitos sem
precisar quantos já estão disponíveis e ocupados com regularidade. A
situação é parecida para a rede particular.
Em Fortaleza, o Hospital Regional da Unimed (HRU) tem
111 pacientes internados, entre suspeitos e confirmados para Covid-19.
Somado com as demais unidades de saúde da rede credenciada, são 223
pacientes. No sábado, 25, foram internados 13 pacientes em UTI, sendo 11
com demanda por ventilação mecânica. “Os números apontam que a situação
é ainda muito preocupante e que é preciso que seja mantido o isolamento
social. Segundo previsões feitas pela cooperativa, com base em estudos
estatísticos, ainda não atingimos o pico da doença, que deve chegar na
segunda quinzena de maio”, afirma em nota ao O POVO.
Para atender à procura, foi construído um hospital de
campanha no estacionamento do HRU. O local tem 44 leitos, já equipados
com oxigênio, para uso exclusivo de pacientes em tratamento para
Covid-19. Assim, o Hospital conta com 60 leitos de UTI adulto e 75
leitos em unidades abertas (enfermaria ou apartamento) para o tratamento
de pacientes infectados pelo novo coronavírus. Atualmente, 55% das
internações no HRU são para tratamento da Covid-19 e 45% para outras
enfermidades. Contudo, a rede tem direcionado para unidades credenciadas
à operadora atendimentos de pediatria e obstetrícia, além de alguns
procedimentos oncológicos; por isso, o percentual de internações por
Covid-19 no hospital tende a aumentar em comparação a outras doenças.
Já o plano de saúde Hapvida tem em todo o Estado, de
acordo com boletim atualizado na segunda-feira, 27, 94 pacientes
internados, entre enfermarias e UTIs, com suspeita ou confirmação da
Covid-19. Desde o início da epidemia no Ceará, a rede atendeu 2.917
pacientes do novo coronavírus, sendo que 1.646 tiveram exame negativo,
1.065 foram confirmados e outros 206 seguem em investigação. Comunicado
enviado ao O POVO indica que, em todo o País, a
operadora tem mais de 6 milhões de beneficiários e ”boas condições para
atender demandas de pacientes infectados pelo novo coronavírus”. “Houve
um aumento no total de leitos, que representa 2.635. Desses, o número de
leitos de UTI subiu de 555 para 671”, informa. Entretanto, não precisa
as informações regionais.
No Estado, segundo a Secretaria da Saúde do Ceará
(Sesa), beneficiários da rede privada de saúde têm a sua disposição 146
leitos de terapia intensiva dedicados à doença, considerando leitos
novos de UTI criados para atenção exclusiva a pacientes com Covid-19 e
aqueles já existentes que foram convertidos. Antes da epidemia pelo novo
coronavírus, o Estado contava com 472 leitos de UTI na rede privada.
Dos mais de 9 milhões de cearenses, 1.262.923 são beneficiários de
planos de assistência médica, de acordo com dados de fevereiro da
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Já na rede pública, o Ceará dispunha de 398 leitos de
UTI voltados para o combate ao Sars-CoV-2 até a última sexta-feira, 24. A
ocupação, na Capital e no Interior, era de 74,42%. Outros 455 leitos de
UTI devem ser criados, conforme a aquisição de equipamentos e
disponibilidade de profissionais. No domingo, um avião da Ethiopian
Airlines chegou em Fortaleza com 90 toneladas de testes para detecção da
Covid-19 e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para
profissionais de saúde suficientes para três meses.
o povo