O
maior tronco fóssil já encontrado na Bacia do Araripe foi resgatado
nesta quarta-feira, 12, do sítio Poço do Pau, na zona rural de Brejo
Santo, para a cidade de Santana do Cariri. Com cerca de 145 milhões de
anos, do período Jurássico, o material está exposto em praça pública,
próximo ao Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens.
O
trabalho de resgate do tronco foi realizado por meio da Universidade
Regional do Cariri (URCA), através do Geopark Araripe, Museu de
Paleontologia Plácido Cidade Nuvens e da Prefeitura Municipal de Santana
do Cariri, acompanhado por pesquisadores da área.
O
Reitor da Universidade Regional do Cariri (URCA), Francisco do Ó Lima
Júnior, afirma que a ação de resgate do fóssil de tronco de árvore tem
vários objetivos, e o primeiro deles a valorização do acervo fossilífero
da região, que além de diversificado é riquíssimo e demonstra, pelas
características, ter de duas a três toneladas.
Para
ele, isso mostra convivência de uma flora diversificada, de espécime de
sequóia na região, mais especificamente o processo de fossilização
desse tronco. O Reitor destaca a parceria estratégica da URCA, através
do Geopark Araripe, Museu e a Prefeitura de Santana do
Cariri,
para a realização do resgate. A ação colaborativa tem como foco a
valorização e a inserção dos fósseis em locais de maior visibilidade,
chamando a atenção da importância do resgate, além da questão científica
diante do grande roteiro que a região dispõe.
Segundo
a paleontóloga e professora da URCA, Edenilce Peixoto Batista, a
pretensão é realizar estudos sobre as microestruturas e as células que
compõem esse tronco, que conduziam a água. Com isso, tentar identificar
qual a espécie. Estudos preliminares dão conta que o tronco era da
família da araucariácea, uma espécie de parente do Pinheiro do Paraná,
mas isso se confirmará através do estudo dessas células.
Outras
pesquisas estarão voltadas para a condução de água e ecologia da
planta, a partir da observação das estruturas da espécie. Em pesquisa
mais aprofundada poderá ser esclarecida até a idade da planta. De acordo
com a pesquisadora, esse é o maior tronco fóssil já encontrado na Bacia
do Araripe, devido às suas dimensões. Conforme observações iniciais,
esse tipo de vegetação, gimnospermas coníferas, atualmente é mais comum
na região sul e sudeste do Brasil,
Uma
força-tarefa foi realizada para transporte das peças gigantes. O
diretor do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, Alysson
Pinheiro, afirma que o embarque e desembarque foi feito em dois dias. Um
caminhão realizou o transporte do fóssil. Ele disse que a ação também
recebeu o patrocínio da FGF Ciência da Terra. “Eu tive a grande
satisfação de acompanhar o resgate e a salvaguarda dessa peça que pode
explicar como era a vegetação”, diz ele.