O Secretário de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC),
Arnaldo Lima Junior, pediu demissão nesta quinta-feira, 30, em meio a
uma das maiores crises da pasta, causada por erros na divulgação de
notas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e falhas no Sistema de
Seleção Unificada (Sisu). Embora a prova seja de responsabilidade de
outro órgão do MEC, o sistema, usado para o ingresso em universidades
públicas, era de sua responsabilidade.
Um dos principais auxiliares do ministro da Educação, Abraham Weintraub,
Lima comunicou seu desligamento alegando motivos pessoais. Ele nega que
sua demissão tenha sido causado por problemas com o Sisu.
A saída foi antecipada na quinta-feira (30) pelo Estadão. Em carta
obtida pela reportagem, Lima diz que nunca deixou de "ousar" ao exercer
seu trabalho na pasta e que não fez nada "sozinho". Afirma ainda ter
contado com apoio de Weintraub nos nove meses em que ficou no cargo.
A divulgação da lista de aprovados na 1.ª chamada do Sisu chegou a ser
impedida pela Justiça após o MEC admitir erros na correção de algumas
provas do Enem. Após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) liberar a
divulgação dos resultados, participantes do exame relataram problemas na
lista de espera. Procurado, o MEC disse que o sistema funcionava
normalmente.
Outro problema relatado foi o vazamento de uma lista "não oficial" no
site do Sisu na terça-feira (28), antes de a divulgação ser liberada
pelo STJ. Apesar da proibição judicial, o ministério confirmou que uma
lista que "não representava o resultado oficial" ficou disponível e pôde
ser vista "por alguns minutos".
Economia
Lima é funcionário de carreira do antigo Ministério do Planejamento,
hoje na pasta da Economia, e retorna à sua função anterior. Ele deixa o
cargo no mesmo dia em que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), subiu o tom das críticas a Weintraub. "O ministro da
Educação atrapalha o Brasil tem visão ideológica e brinca com o futuro
de milhões de crianças", disse Maia nesta quinta-feira.
Lima foi responsável pelo desenho do Future-se, que tem o objetivo de
captar recursos privados para universidades federais. Principal bandeira
de Weintraub para essas instituições, o programa foi alvo de críticas
de reitores. Apresentado em julho, o Future-se terminou a fase de
consulta pública na semana passada e ainda precisa de aval do Congresso.
No comunicado da demissão, Lima afirma ainda que ajudou a criar a ID
Estudantil, o Diploma Digital, o Novo Revalida, de validação de diplomas
médicos obtidos no exterior, e a aperfeiçoar o Fies, programa de
financiamento estudantil. Ainda segundo a carta, foram alocados R$ 230
milhões para investimentos em placas fotovoltaicas e para concluir obras
paradas ou em andamento nas federais.
Em novembro, em parecer revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, uma
comissão da Câmara criada por Maia apontou paralisia no planejamento e
execução de políticas públicas por parte do MEC. Foi a primeira vez que o
Legislativo criou um grupo para averiguar o trabalho de um ministério.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.