Cálculos iniciais da Polícia Federal
indicam que os prejuízos dos Correios com as fraudes identificadas na
Operação Postal Off, deflagrada nesta sexta-feira (6) chegam a R$ 13
milhões, mas para o delegado Christian Luz Barth, da Delegacia de
Combate à Corrupção da Superintendência Regional em Santa Catarina os
valores podem ser bem maiores.
“A gente estima que esses valores vão
subir, e muito, após a análise do material apreendido”, disse durante
entrevista coletiva à imprensa para explicar a Operação e a ação da
organização criminosa.
A Polícia Federal cumpriu 9 mandados de
prisão preventiva e 19 mandados de busca e apreensão na cidade do Rio de
Janeiro; 2 mandados de prisão preventiva e 5 mandados de busca e
apreensão no Estado de São Paulo; além de 1 mandado de prisão temporária
e um mandado de busca em Minas Gerais, todos expedidos pela 7ª Vara
Federal de Florianópolis/SC. “Todos os alvos da operação estão presos,
as buscas foram realizadas e agora partimos para análise do material”,
disse o delegado.
Esquema
A organização criminosa investigada
trabalhava com postagens de grandes clientes, de grandes empresas que
têm volume de postagem muito alto, com um fluxo elevado de objetos por
mês. “Eles criaram uma sistemática que foi evoluindo com o tempo em que
eles conseguiram colocar no fluxo postal dos Correios encomendas, cartas
comerciais, sem faturamento ou então com faturamento muito abaixo do
que efetivamente era postado”, revelou.
Para garantir o ressarcimento dos
prejuízos causados aos Correios, a justiça determinou os bloqueios de
contas bancárias e o arresto de bens móveis e imóveis, incluídos carros
de luxo e duas embarcações, sendo uma delas, um iate avaliado em R$ 3
milhões. “Só com os bloqueios, para se ver o poder econômico da
organização criminosa, de bens móveis e imóveis, embarcações inclusive,
chegamos a uma cifra de R$ 40 milhões, que podem garantir o
ressarcimento aos Correios”, apontou.
Segundo Barth as apurações indicaram
também que alguns cargos nos Correios tinham preço para facilitar a
operação da organização. Ele afirmou que além de funcionários da estatal
e laranjas, havia a participação de empresários com empresas também de
fachada.
“A organização estava tão bem
estruturada que tinha inúmeras empresas laranjas, que firmavam contratos
com os Correios para fazer as suas postagens e quando essas empresas
laranjas eram descobertas e identificada alguma irregularidade, as
empresas eram abandonadas, dívidas tributárias, dívidas com os Correios.
A gente tem uma lista gigantesca de empresas para analisar”, explicou.
O delegado acrescentou que a
investigação está sob sigilo e, por isso, não poderia citar nomes de
envolvidos na organização, que atuava desde novembro de 2016 com suporte
de funcionários de alto escalão dos Correios. “A função básica deles
era dar suporte para a organização criminosa, evitando fiscalizações,
avisando quando haveria alguma fiscalização. Temos informações inclusive
de participarem de reuniões com clientes que eram dos Correios para que
saíssem dos Correios, em contratos próprios, e passassem para as
empresas da organização criminosa, ou seja, os Correios perdiam dos dois
lados”, detalhou.
Apesar de não citar nomes, o delegado
adiantou que entre os alvos dos mandados de prisão havia um “elemento
político” sendo investigado.
Investigação
Segundo Christian Luz Barth, a
investigação começou em novembro de 2018 em Santa Catarina, quando foi
identificada a tentativa de uma organização criminosa de cooptar
servidores públicos no estado. De acordo com o delegado, as
investigações apontaram para duas bases da organização, uma no Rio de
Janeiro e outra em São Paulo. “Observamos que Santa Catarina, na
verdade, foi uma tentativa de chegar lá e começar a implementar os seus
crimes. Basicamente estamos falando de fraudes contra os Correios”,
disse.
Com informações do portal Agência Brasil