Vinculado ao MEC, projeto Afrobarroco chega ao Cariri com presença de Mateus Aleluia

Blog do  Amaury Alencar
0




 Na noite desta sexta-feira (12/12), no Terreiro das Pretas, em Crato, aconteceu o lançamento do projeto político-pedagógico Afrobarroco no Cariri. O evento, intitulado “O Recôncavo encontra o Cariri”, contou com a presença do cantor, compositor e pesquisador da ancestralidade musical pan-africana do Brasil, Mateus Aleluia. 


Sobre o projeto

O projeto Afrobarroco visa articular música, filosofia, pesquisa e ações educativas que resgatem e valorizem a história e cultura negra e indígena, muitas vezes apagadas nas histórias consideradas oficiais. É uma ação que reforça as leis nº 10.639/2003 e 11.645/2008, que tornaram obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena, respectivamente, em todas as escolas do Brasil, do ensino fundamental ao médio. O projeto Afrobarroco é uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC), através da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI). O programa é realizado em parceria com a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (PROEXC); com a Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnicos-Raciais e Educação Escolar Quilombola (PNEERQ); Selo Anjo Negro; Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC) e Terreiro das Pretas. 


Palestra Musical com Mateus Aleluia

Mateus Aleluia deu início à programação da noite, com uma palestra musical repleta de força, sensibilidade e ancestralidade. O célebre Tincoã fez um apelo para a continuação desta caminhada em busca de equidade e da celebração do povo preto e indígena. “Essa é a nossa terra cabocla. Não nos esqueçamos das leis  10.639/2003 e 11.645/2008, que orientam o ensino da história da África, da nação indígena no Brasil. Devemos acarinhar esta iniciativa do SECADI. Se o país é nosso, o governo é nosso, apliquemos estas leis. Eu penso que é o momento de todos nós tomarmos consciência que nós somos muito mais próximos que afastados. Vamos unir as mãos”, convida.


As irmãs Valéria e Verônica Carvalho, fundadoras do GRUNEC, celebraram a conquista e desejam que seja um caminho para trazer reparação e bem viver para o povo preto. “É a concretude de um sonho, para além da luta. Eu sonhei, entreguei para o universo e ele se encarregou de fazer esse reencontro. Estar com o Mateus Aleluia é um reencontro de dinastias. Obviamente que tem a luta. Não foi fácil. Mas nada foi fácil para nós. É possível!”, conta Valéria.


Verônica destaca que esta construção não é de agora. “São 30 anos de trabalho para dizer que o negro existe aqui, ao redor dessa Floresta Nacional do Araripe, e que o povo é o principal patrimônio. Se ele não for cuidado, vai incidir de uma maneira negativa nesse ambiente. O que a gente quer com esse projeto e vários outros é dizer o povo negro existe, que ele tem direito à educação que o coloque como sujeito, e não como objeto”, complementa Verônica.


A Secretária da SECADI, Zara Figueiredo, agradeceu a parceria com o GRUNEC e debateu sobre a urgência de se inserir os saberes tradicionais nos componentes curriculares. “Geralmente, nós [sociedade] temos um conjunto de atrações culturais que todo mundo gosta, mas não entra no currículo. O que o Mateus Aleluia destaca aqui hoje é que precisamos levar esse saber para sala de aula, para o currículo. Porque, caso contrário, estaremos sempre fazendo pedagogia de evento. É lindo a discussão da cultura afro-brasileira, mas quando estaremos botando na prática? Os saberes tradicionais precisam conversar com os saberes que chamamos de científicos”, pontua.


No evento, também estiveram o Secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura (MinC), Fabiano Piúba; a Deputada Estadual Zuleide Queiroz, e a Presidenta do Grunec, Janayna Leite.


A programação contou ainda com as apresentações da Orquestra Sanfônica do Projeto Asa Branca de Exu, do Maracatu Uinu Erê, e da Mestra Zulene Galdino. Na plateia, houve uma numerosa presença de comunidades indígenas, povos de terreiro, professores, alunos e agentes de cultura.

Postar um comentário

0Comentários
Postar um comentário (0)