Primeira operação da Transnordestina em Iguatu marca novo momento econômico para a região

Blog do  Amaury Alencar
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Os primeiros 20 vagões da Ferrovia Transnordestina chegaram a Iguatu no início da manhã desta sexta-feira, 19, após cerca de 12 horas e meia de viagem, marcando a primeira operação de carga e descarga ferroviária no município. A carga inaugural, composta por milho, percorreu aproximadamente 600 quilômetros, partindo de Bela Vista no Piauí, passando pelo oeste de Pernambuco, até alcançar o Centro-Sul do Ceará.

A operação ocorre em fase inicial, em um trecho reduzido da ferrovia, que começa a conectar o interior piauiense a Iguatu, abrindo caminho para uma nova dinâmica logística e econômica na região. O milho transportado será destinado à alimentação animal da empresa Tijuca Alimentos, indústria cearense com sede em Beberibe, que atua nos mercados do Ceará, Piauí e Maranhão com a produção de ovos, frangos e queijos.

O prefeito de Iguatu, Roberto Filho (PSDB), destacou que a chegada da Transnordestina representa um divisor de águas para o município. Segundo ele, a cidade já vem sendo procurada por outros setores econômicos e industriais, atraídos pelo novo cenário logístico. “Iguatu passa a ocupar uma posição estratégica no mapa do desenvolvimento do interior do Nordeste”, avaliou.

Alex Trevisan, representante comercial da Transnordestina Logística S.A. (TLSA), concessionária responsável pela obra e operação da ferrovia, fez uma avaliação positiva dessa primeira fase. “O transporte inicial de grãos em caráter de pré-teste é fundamental para ajustar processos e preparar a ferrovia para uma operação em maior escala nos próximos meses”, disse.

Para a Tijuca Alimentos, a logística ferroviária representa ganho de eficiência e redução de custos. O coordenador de operações da empresa, Elvis Ellison, explicou que os grãos descarregados em Iguatu serão distribuídos tanto para a Região Metropolitana de Fortaleza quanto para o próprio município. “Nesta primeira etapa, a empresa adquiriu cerca de mil toneladas de milho. É uma fase de experimentos também para empresa”, acrescentou.

Terminal Logístico

Um dos destaques do projeto é o investimento privado no futuro Terminal Logístico de Iguatu. O empresário Eugério Queiroz afirmou que a proposta vai além da logística e tem como objetivo mudar a configuração econômica da cidade. Ele revelou que, mesmo diante de um impasse ambiental envolvendo o Ibama, manteve a esperança de iniciar operações ainda em 2025. Segundo Eugério, o descarregamento atual acontece de forma provisória, mas a expectativa é que o terminal seja inaugurado entre março e abril, em sua primeira etapa operacional.

O projeto prevê a construção de três silos com capacidade para receber até 360 vagões de milho, considerando 100 toneladas por vagão. “Estamos implantando um galpão com tecnologia capaz de armazenar até 20 mil toneladas de farelo. Venho sendo procurado por amigos e parceiros interessados em investir em indústrias na região, impulsionados pela nova estrutura logística”, adiantou.

Desenvolvimento econômico

Representando o Governo do Estado, o secretário executivo do Agronegócio do Ceará, Silvio Carlos, destacou que a Transnordestina é uma peça-chave nas políticas de desenvolvimento econômico voltadas para o interior. “O Estado tem trabalhado para criar um ambiente favorável a novos investimentos, aproveitando a infraestrutura logística como indutora de crescimento e geração de emprego”, disse.

Do ponto de vista acadêmico, a professora Jaqueline Souza, do curso de Economia da Universidade Regional do Cariri (URCA), ressaltou que a consolidação de Iguatu como ponto de carga e descarga ferroviária é resultado também de estudos e articulações institucionais. “Trabalhamos como nossa comunidade junto de pesquisadores ao longo dos últimos anos, demonstrando a viabilidade e a potencialidade do município para sediar um terminal logístico, e até mesmo de um porto seco e se tornar um polo regional de distribuição”, lembrou.

                                                            Jornal a Praça 

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