
O último trimestre do ano é o mais aguardado pelo comércio e pelos serviços no Ceará. Entre outubro, novembro e dezembro, concentram-se algumas das principais datas comemorativas e as maiores oportunidades de faturamento. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC), vinculado à Fecomércio, o período responde por mais de um terço da receita anual do varejo, sendo decisivo para equilibrar o caixa após a travessia lenta do primeiro semestre.
Datas comemorativas
O calendário oferece um alinhamento raro de eventos que impulsionam a economia. Dia das Crianças, Black Friday e Natal movimentam diferentes setores e trazem um consumidor mais disposto a gastar. Apenas em Fortaleza, em 2024, as duas últimas datas reuniram cerca de R$ 891 milhões de potencial de consumo, segundo o IPDC. No caso do Natal, o impacto é ainda mais significativo: a data pode representar até 20% do faturamento anual de segmentos como moda e decoração, confirmando seu peso estratégico para o comércio cearense.
Os setores que historicamente lideram esse aquecimento são tecidos, vestuário e calçados; artigos de uso pessoal e doméstico; móveis e decoração; perfumaria e cosméticos; eletrodomésticos; e supermercados. São eles que puxam a alta nas vendas e definem o ritmo do trimestre.
Consumidor
A diretora institucional da Fecomércio Ceará, Cláudia Brilhante, avalia que o cenário é de otimismo moderado. A inflação sob controle ajuda a preservar o poder de compra, enquanto o crédito, mesmo ainda caro, tende a ser usado em compras parceladas, especialmente nas promoções de novembro e no Natal. “Este é o momento de planejar bem, investir na experiência do cliente e aproveitar ao máximo a sinergia entre o físico e o digital. Quem alinhar preço, conveniência e qualidade terá vantagem competitiva”, afirma.
Emprego
As contratações temporárias também são reflexo direto da movimentação. Em 2023, o último trimestre gerou 8.005 empregos formais; em 2024, o número subiu para 8.510. A expectativa do IPDC é de até 10 mil postos de trabalho em 2025, resultado da demanda maior nas semanas que antecedem as festas.
“O aquecimento das vendas não se restringe às grandes redes. Pequenos empreendedores, prestadores de serviços e negócios locais também surfam a onda de consumo do trimestre, beneficiados pelo aumento da circulação de pessoas nos centros comerciais e pelo avanço das compras digitais. Além de vendas e arrecadação fiscal, o período garante renda, emprego e movimentação econômica em cadeia, do transporte ao turismo”, avaliou o economista Helder Cavalcante.
Com um consumidor mais atento a preços e promoções, mas confiante para aproveitar as festas, o comércio cearense aposta em outubro, novembro e dezembro como os meses de virada em 2025. O desafio será equilibrar otimismo e responsabilidade, mantendo o cliente ativo sem elevar o risco de endividamento. No balanço final, o último trimestre do ano não é apenas um motor de vendas, mas também o momento decisivo para fidelizar clientes, fortalecer marcas e consolidar o varejo cearense como um dos mais dinâmicos do Nordeste.