Estudante do IFCE cria sistema para auxiliar pessoas com Síndrome do Encarceramento a se comunicarem

Blog do  Amaury Alencar
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Projeto baseado em visão computacional foi desenvolvido como uma alternativa de baixo custo, utilizando apenas um computador, webcam, mouse e alto-falantes


Estudante do campus de Aracati do Instituto Federal do Ceará criou um sistema baseado em visão computacional para ajudar pessoas com Síndrome do Encarceramento a se comunicarem de forma simples e acessível. A condição neurológica, que pode surgir como sequela de Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), impede o paciente de se comunicar verbalmente ou por gestos.

O LoquiOculis, projeto desenvolvido por Eduardo Arruda na graduação em Ciências da Computação com orientação da professora Andressa Ferreira, é um sistema de Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA). Ele funciona apenas com computador, webcam, mouse e alto-falantes, sem necessidade de equipamentos adicionais. O usuário interage por meio de piscadas voluntárias ou pelo clique do botão do mouse. A interação ocorre em um teclado virtual que organiza as letras por frequência de uso e permite compor mensagens, convertidas em texto e áudio. O sistema conta ainda com funções de apagar, limpar e sugerir palavras.

“Nessa plataforma tem um sistema de varredura que vai passando pelas linhas. O usuário pode piscar o olho por um breve período de tempo para selecionar aquela linha e depois a varredura passa para as teclas daquela linha, uma por uma. Para selecionar aquela tecla, é só fechar os olhos durante um período de tempo. Também é possível utilizar o clique do mouse, para as pessoas que têm Síndrome do Encarceramento incompleto”, explica Eduardo Arruda, hoje bacharel em Ciências da Computação e professor de Cultura Maker em Aracati.

 O software foi desenvolvido em Python, HTML, CSS e JavaScript, utilizando bibliotecas de visão computacional como OpenCV e MediaPipe. A simplicidade e o baixo custo se destacam como diferenciais do sistema. “Eduardo conseguiu desenvolver uma solução gratuita e muito simples para o usuário, porque não vai precisar adquirir nada novo: basta que ele tenha um computador com a câmera acoplada, como acontece com a maioria dos notebooks”, explica a professora Andressa Ferreira, orientadora do trabalho. Além disso, “o tempo de resposta do LoquiOculis também foi significativo, porque é equivalente a outros sistemas que já existem, mas que são bem mais complexos e mais difíceis de se obter”.

Como toda tecnologia, Eduardo considera necessário manter o sistema aprimorado. Para isso, as metas futuras são a substituição do algoritmo por um de aprendizado de máquina para maior precisão e relevância; incluir um sistema que identifique e aprenda padrões de escrita de cada usuário, melhorando a fluidez e a precisão da comunicação; expandir o suporte a outros idiomas; e realizar novos testes com pessoas que de fato possuam a Síndrome do Encarceramento. Apesar desse caminho de incrementos pela frente, a professora Andressa Ferreira considera que o LoquiOculis já “é um avanço em termos de desenvolvimento de algoritmo para o nicho específico de tecnologias assistivas, sobretudo por fortalecer e aumentar a relação entre a Computação e outras áreas”.

*Agência IFCE.

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