
O Governo do Ceará deve economizar aproximadamente R$ 15 milhões por ano com a migração de 126 prédios públicos para o consumo de energia de fontes renováveis, como solar e eólica. A iniciativa, conduzida pela Secretaria da Infraestrutura (Seinfra), garante abastecimento por meio do Mercado Livre de Energia, em contrato firmado com a comercializadora EDP Renováveis.
Segundo a Coordenadoria de Energia e Telecomunicações (Coete), a medida proporciona redução média de até 30% nos gastos, além de ampliar a previsibilidade orçamentária e reduzir a dependência do mercado regulado. Atualmente, hospitais regionais, escolas, unidades prisionais, a Arena Castelão e o Centro de Eventos já são beneficiados pela estratégia. “Quando o governo economiza em suas contas, essa economia é repassada ao cidadão que paga impostos”, destacou o secretário executivo de Energia e Telecomunicações da Seinfra, Dickson Araújo.
Entre os destaques, a Arena Castelão registra economia estimada de 31,9%, enquanto o Centro de Eventos deve reduzir em até 24,66% seus custos. Na saúde, a rede estadual de 27 hospitais e unidades administrativas projeta R$ 8,4 milhões anuais em economia. Na educação, 65 escolas e coordenadorias de ensino devem poupar cerca de R$ 2,1 milhões por ano.
A estratégia inclui ainda unidades prisionais da capital e do interior, com percentuais de economia que variam de 16% a 25%. Só o Hospital Geral de Fortaleza (HGF), que aderiu ao modelo em agosto, terá redução de 27,81% em suas contas, o que representa aproximadamente R$ 2 milhões por ano. O Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), no Centro de Fortaleza, terá queda de 21,66% no consumo a partir de setembro.
Sustentabilidade
O contrato firmado prevê fornecimento de 13,4 MW médios (117.000 MWh/ano) até 2029, assegurando energia limpa e previsibilidade no abastecimento dos prédios públicos. A medida também reforça o compromisso do Estado com a sustentabilidade, ao antecipar em cinco anos a meta de autossuficiência energética estabelecida pelo Decreto Estadual nº 33.264.
A distribuição de energia permanece sob responsabilidade da Enel Ceará, enquanto a comercialização ocorre no ambiente de contratação livre, que separa geração e comercialização da distribuição e aumenta a competitividade do setor.
Para Paulo Henrique, economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), o movimento é ainda mais relevante diante da busca por previsibilidade orçamentária em tempos de instabilidade econômica. “Ao optar pelo Mercado Livre de Energia, o Estado reduz sua dependência do mercado regulado, assegura maior competitividade nos contratos e se antecipa à meta de autossuficiência energética prevista apenas para 2029. Essa antecipação reforça a imagem do Ceará como um dos estados mais inovadores na adoção de políticas sustentáveis no Brasil”.
Em setembro, novos equipamentos passarão a integrar o programa, incluindo o Hospital Universitário do Ceará (HUC), que deve economizar até R$ 1 milhão por ano, além do Hospital São José, do Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS), do Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar (HJMA), da sede da Secretaria de Proteção Social (SPS) e de uma escola profissional em Várzea Alegre. Já em 2026, a Seinfra projeta a migração de 56 novos órgãos e equipamentos de grande porte, com destaque para os principais prédios culturais do Estado, como a Pinacoteca, o Centro Dragão do Mar, o CineTeatro São Luiz e o Theatro José de Alencar.