
A base do presidente Lula (PT) tem tensões faltando um ano para o início das convenções partidárias que vão definir as candidaturas para as eleições de 2026 nos estados do Nordeste.
Na maioria dos estados da região, que é reduto eleitoral do presidente, os apoiadores dele têm divergências sobre nomes e estratégias para as disputas de governos estaduais ou do Senado.
No Ceará, o entorno do ministro Camilo Santana (PT) trabalha para manter a unidade do grupo político. Isso porque, com cinco pré-candidatos ao Senado, ao menos três serão descartados. O temor é que eventuais cisões prejudiquem as campanhas à reeleição de Lula e do governador Elmano de Freitas.
Querem disputar o Senado os deputados federais José Guimarães (PT), Eunício Oliveira (MDB) e Júnior Mano (PSB), o empresário Chiquinho Feitosa (Republicanos) e o ex-vice-governador Domingos Filho (PSD).
Na Paraíba, o PT quer afastar o risco do presidente não ter um candidato a governador competitivo que apoie a sua reeleição.
Como o governador João Azevêdo (PSB) tende a sair do cargo para disputar o Senado, o vice-governador Lucas Ribeiro (PP), sobrinho do deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP) e filho da senadora Daniella Ribeiro (PP), deve assumir o governo em abril e tende a ser candidato à reeleição.
Porém, no âmbito nacional, o PP deve apoiar uma candidatura de oposição a Lula. Interlocutores do atual vice-governador afirmam que o PP paraibano apoiou Lula em outras eleições e que o partido não teria receio em repetir a aliança no próximo ano. O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), também é cotado para a disputa.
Outro estado que pode ter racha é o Rio Grande do Norte, onde a governadora Fátima Bezerra (PT) quer voltar a ser senadora. O problema para a base de Lula é que pesquisas de intenção de voto indicam o senador Capitão Styvenson (PSDB) na liderança e uma disputa pela segunda vaga entre Fátima e a senadora Zenaide Maia (PSD), vice-líder do governo Lula no Senado.
Zenaide foi eleita em 2018 na mesma coligação de Fátima. As duas, porém, têm se distanciado desde o ano passado, quando o PT lançou candidatura própria em São Gonçalo do Amarante contra o marido da senadora, o atual prefeito Jaime Calado (PSD).
Aliados de Zenaide acreditam que a segunda vaga está em disputa entre ela e Fátima e que, com isso, não haveria sentido uma aliança. A senadora cogita se aliar ao prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil), pré-candidato a governador, que não deverá apoiar Lula.
No Maranhão, o governador Carlos Brandão (PSB) externou a aliados que ficará no cargo até o fim do mandato. Com isso, o vice Felipe Camarão (PT) não poderá ser candidato ao governo com a máquina na mão.
Por acordo feito ainda em 2022, Brandão, respaldado pelo agora ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino, sairia para o Senado no ano que vem e apoiaria o vice na disputa pelo governo. No entanto Brandão e Dino se afastaram e o atual governador maranhense tem costurado o nome de seu sobrinho e secretário estadual Orleans Brandão (MDB) para substituí-lo no cargo.
Em Pernambuco, o PT deve apoiar a candidatura do prefeito do Recife, João Campos (PSB). Como o prefeito preside o PSB nacional, colocará Pernambuco como prioridade do partido em contrapartida ao apoio da legenda à reeleição de Lula.
Mesmo assim, há alas do partido que apoiam dois palanques para Lula, se houver disposição da governadora Raquel Lyra (PSD) em apoiar o presidente. A prioridade do partido em Pernambuco é reeleger o senador Humberto Costa (PT).
Na Bahia, há possibilidade de o PT rifar o senador Ângelo Coronel (PSD) e lançar uma chapa puro-sangue com os ex-governadores petistas Rui Costa e Jaques Wagner – atual senador – como candidatos ao Senado na coligação encabeçada pelo governador Jerônimo Rodrigues, candidato à reeleição. O PT avalia contemplar o PSD com a vaga de vice como compensação. Oficialmente, o PSD resiste e mantém a pré-candidatura de Coronel à reeleição.
Sergipe
Governador Fábio Mitidieri (PSD) pode apoiar reeleição de Lula, mas tem veto ao senador Rogério Carvalho (PT) na sua chapa.
Alagoas
Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP) não deve fazer campanha para Lula. O atual prefeito de Maceió, JHC (PL), deve se filiar ao PSB e disputar uma vaga ao Senado, ao lado do Senador Renan Calheiros (MDB). O ministro Renan Filho (MDB) deve disputar o Governo no palanque de Lula.