
Os preços da indústria brasileira registraram nova queda em abril, com variação de -0,36% frente ao mês anterior, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este é o terceiro recuo consecutivo do Índice de Preços ao Produtor (IPP), que acumula queda de 0,93% no ano. Ainda assim, o índice mantém alta de 7,27% no acumulado de 12 meses. Em abril de 2024, a variação mensal havia sido positiva em 0,67%.
O IPP mede a variação de preços “na porta de fábrica” de produtos das Indústrias Extrativas e de Transformação, excluindo impostos e frete, sendo um termômetro importante da inflação no setor produtivo. Em abril, 8 das 24 atividades industriais pesquisadas apresentaram retração nos preços, refletindo a desaceleração do setor como um todo. Em março, foram 11 segmentos com queda.
A principal influência negativa veio de Refino de petróleo e biocombustíveis, que respondeu por -0,35 ponto percentual da variação total de -0,36% da indústria geral. A queda foi intensificada pela redução no preço do óleo diesel, que tem peso superior a 45% no cálculo do setor. Segundo Alexandre Brandão, gerente de análise e metodologia do IBGE, “a queda de preços se aprofundou em abril justamente no principal produto da categoria, o que ampliou sua influência no índice”.
Outro destaque negativo foi o setor de Indústrias extrativas, cuja variação mensal de -4,43% representa o recuo mais acentuado entre todas as atividades industriais. No acumulado do ano, a queda chega a -12,33%, contrastando com o avanço de 1,64% no mesmo período de 2024. Em 12 meses, o recuo é de -9,42%, a maior retração desde julho de 2023. A queda reflete a tendência de baixa dos principais produtos do setor no mercado internacional, o que tem sido acompanhado pelo mercado interno.
Apesar da tendência de baixa, o setor de Alimentos apresentou um respiro, com alta de 0,72% em abril, seu primeiro resultado positivo no ano. A variação foi puxada principalmente pela valorização das carnes bovinas frescas ou refrigeradas, em meio à redução no número de animais disponíveis para abate. Com isso, o acumulado anual do setor reduziu sua queda de -2,97% em março para -2,27% em abril. Em 12 meses, a alta é expressiva: 13,19%.
Além das carnes, contribuíram para esse avanço o comportamento positivo dos preços do café e do óleo de soja – este último impulsionado pela crescente demanda por grãos. Já o arroz foi o único destaque de alimentos a registrar queda, em linha com o momento de safra. Outro fator que impactou os preços foi a depreciação do real frente ao dólar em 0,6%, a primeira desde dezembro de 2024. A oscilação cambial tende a influenciar diretamente os custos de produtos exportáveis e importáveis, criando um novo componente de pressão inflacionária para os próximos meses.