
A quadra chuvosa de 2025 no Ceará terminou com 55% da capacidade total dos reservatórios do estado ocupada, o equivalente a 10,2 bilhões de metros cúbicos de água armazenados nos 157 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Apesar do volume ser semelhante ao de 2024, as chuvas foram menos eficientes para recarga hídrica neste ano, e 59,4% do território cearense registrou precipitações abaixo da média histórica, segundo balanço da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
Os dados foram apresentados nesta quarta-feira (4) pela Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH), que destacou a gestão integrada para garantir o abastecimento. “Hoje, nós trabalhamos de forma integrada com diversos órgãos estaduais e federais para garantir que todos os municípios sejam atendidos”, afirmou o secretário Fernando Santana, citando ações da Cagece, SRH, Cogerh e Defesa Civil.
O aporte hídrico (água que efetivamente entrou nos reservatórios) foi de 5,87 bilhões de m³ em 2025, abaixo do esperado. A Funceme registrou um desvio negativo de 15% nas chuvas no estado, com acumulado de 517,6 milímetros (mm) entre fevereiro e maio, dentro da categoria “normal”, mas com distribuição desigual. “Tivemos uma grande variabilidade espacial”, explicou Eduardo Sávio Rodrigues, presidente da Funceme. As regiões mais próximas ao litoral, como Fortaleza (936,1 mm) e Pecém (693,1 mm), tiveram os maiores volumes, enquanto o interior enfrentou déficit.
Alguns reservatórios apresentaram recuperação significativa, como o Orós, que voltou a transbordar após 14 anos. Bacias como Acaraú, Coreaú e Metropolitana estão com mais de 70% da capacidade. Já os Sertões de Crateús (20%), Banabuiú (36%) e Médio Jaguaribe, onde fica o Castanhão (29%), ainda preocupam. O Castanhão, maior açude do estado, não será usado para abastecer Fortaleza, que segue dependendo de Pacoti, Pacajus, Riachão e Gavião.
Yuri Castro, presidente da Cogerh, destacou que as Bacias Metropolitanas tiveram o maior aporte em 20 anos (911,4 milhões de m³), garantindo abastecimento à Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) sem o Castanhão pelo quinto ano seguido. Mesmo assim, o estado mantém alerta para as áreas mais críticas.