
O presidente Lula (PT) convocou ao Palácio do Planalto os chefes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, e da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, para cobrar explicações sobre a operação de espionagem contra o Paraguai. A reunião foi descrita como tensa.
O petista chamou os dois diretores após a ação secreta da Abin de hackear autoridades paraguaias de alto escalão em meio a negociações sobre os valores pagos ao país vizinho pela energia da usina de Itaipu ter virado notícia. A audiência ocorreu no gabinete de Lula depois que o governo já havia emitido nota em que atribuía a operação à gestão Jair Bolsonaro (PL).
Segundo relatos, o encontro foi conflituoso e chegou a ser interpretado como acareação entre Corrêa e Rodrigues. Investigadores da PF apontam que a ação de espionagem contra o Paraguai teria continuado durante os primeiros meses do governo Lula, com o conhecimento de Corrêa.
Já a atual Direção da Abin, diz que mandou interromper a operação. Dentro do governo, Corrêa e Rodrigues são considerados rivais. A principal divergência é o inquérito da PF sobre a chamada “Abin paralela”.
O grupo de Corrêa afirma que a investigação tem motivações políticas, enquanto policiais enxergam movimentos do chefe da Abin para obstruir as apurações. Também participou do encontro com Lula o chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT/BA), a quem a Abin está subordinada e a quem o diretor-geral da Agência se reporta.
De acordo com relatos, além dos detalhes da suposta espionagem, os diretores da Abin e da PF também discutiram, na presença do presidente e do ministro, o vazamento da operação. A Polícia Federal abriu inquérito sobre a divulgação das informações.