Ato por justiça por adolescente morto em Maracanaú é marcado por comoção de alunos e professores

Blog do  Amaury Alencar
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Ato reuniu mais de 200 pessoas em Praça Central do Acaracuzinho, em Maracanaú

Ato reuniu mais de 200 pessoas em Praça Central do Acaracuzinho, em Maracanaú Crédito: Reprodução/Arquivo Pessoal



Comoção e luto pela morte do adolescente Iarley Félix, de 15 anos, pairavam sobre a Praça Central do Acaracuzinho, em Maracanaú, na manhã desta sexta-feira, 17, durante ato que pediu por justiça pela vida do estudante, que foi ceifada precocemente. O garoto foi morto após ser atingido por disparos de armas de fogo efetuados por criminosos de dentro de um automóvel na última terça-feira, 14.

Na ocasião, Iarley estava conversando com amigos na rua onde morava, no bairro Vila da Paz, quando foi baleado. Ele chegou a ser encaminhado a uma unidade de saúde, mas não resistiu aos ferimentos. Segundo amigos e familiares, o rapaz não tinha envolvimento com qualquer ação ilícita e sonhava em ser atleta profissional de futebol.

Estudantes, professores, amigos e familiares de Iarley se mobilizaram na praça para clamar por justiça pela morte do jovem. Aluno da escola José Milton Vasconcelos Dias, também situada no município, Iarley era conhecido pela alegria contagiante e pelo bom desempenho estudantil.

“O Iarley era bom aluno, bom amigo, bom filho. Um adolescente cheio de sonhos, que amava jogar bola e tinha o sonho de ser jogador. Não gostava de ver ninguém triste, sempre queria que estivéssemos bem e alegres”, relembra a professora de Química do garoto e responsável por organizar a manifestação, Cecília Soares.

Com pesar, Cecília relata que Iarley não foi o primeiro aluno que ela perdeu para a violência urbana. No ano passado, na mesma praça onde o ato foi realizado nesta manhã, outros dois adolescentes foram vitimados por balas perdidas e vieram a óbito.

“Nós estamos indignados diante dessa situação de violência que se encontra no nosso bairro. Quando escolhi ser professora, foi pelo sonho de formar pessoas, não de enterrá-las. Então temos que pedir uma resposta do Poder Público em todas as esferas — Municipal, Estadual e Federal. Buscamos paz”, afirma a docente.

Também presente na solenidade, a professora de Sociologia de Iarley, Jô Araujo, lamenta o cenário de insegurança vivido diariamente por moradores da região e destaca que Iarley era um menino carismático, brincalhão e cheio de vida.

“Estou nessa escola há dois anos e é uma realidade que vem se mostrando frequente. Ela vem fazendo parte das estatísticas nas periferias do Estado. É triste ter que viver esse luto. É violento, é absurdo vermos nossos alunos morrendo, ver famílias destruídas”, pontua.

Ela explica que o ato realizado nesta manhã também teve como objetivo pedir pela paz nas comunidades que residem em Maracanaú. “Não podemos deixar que essas mortes sejam naturalizadas ou simplesmente colocadas na conta do tráfico, da criminalidade, como uma forma de apagar os problemas sociais que afetam nossa cidade, nosso Estado”, diz a professora.

 A escola declarou luto pela morte do menino e as aulas estão suspensas desde então. “Nenhum professor, nem aluno teria condições de sentar numa cadeira e ter seis aulas no turno com essa dor dilacerante. Nenhuma escola consegue voltar a sua rotina diante de uma atrocidade dessa”, conclui Jô.

O protesto contou com a presença de mais de 200 pessoas, com início às 8 horas e conclusão por volta das 9h30min. Foi realizada uma caminhada pelas ruas do Acaracuzinho e de bairros adjacentes com destino à Praça Central. No local, algumas pessoas presentes fizeram homenagens e orações pelo adolescente e sua família.


                                      O POVO 

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