BTG consegue liminar para bloquear R$ 1,2 bi da Americanas

Blog do  Amaury Alencar
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Foto: Lojas Americanas/Divulgação


 

BTG Pactual (BPAC11) obteve liminar atendendo sua petição de bloqueio de R$ 1,2 bilhão da Americanas (AMER3). A decisão foi assinada pela desembargadora Leila Santos Lopes, da 15ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).

Na prática, a liminar retira os efeitos da decisão da 4ª Vara Empresarial da Capital que deferiu pedido da Americanas para que qualquer bloqueio ou arresto de bens e o pagamento de dívidas não fossem aplicados até que o processo de recuperação judicial seja apresentado.

O BTG Pactual é um dos bancos que tem créditos com a Americanas. Segundo levantamento do jornal Valor Econômico, outros bancos também estão atentos ao fato.

O Bradesco, por exemplo, possui R$ 4,8 bilhões em créditos à varejista, enquanto Santander (R$ 3,7 bilhões), e Itaú (R$ 3,4 bilhões) são outros bancos na mesma situação, mas existem outros mais.

Petição no TJRJ
No agravo de instrumento apresentado ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) contra a decisão do Juízo da 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital, que aceitou pedido da Americanas para suspender vencimentos antecipados e efeitos de inadimplência, o BTG faz duros ataques aos acionistas de referência da empresa e contesta a iniciativa de tentar suspender o pagamento de dívidas. “É o fraudador pedindo às barras da Justiça proteção ‘contra’ a sua própria fraude”, diz o documento. O plantão judiciário do TJRJ negou o recurso.

O instrumento, de 38 páginas, critica a Americanas por pedir não apenas a suspensão da exigibilidade de obrigações e o congelamento de vencimentos antecipados, mas também os que já foram feitos, para que fossem “desfeitos”, com a devolução de mais de R$ 1,2 bilhão que o BTG tinha recebido, que representa apenas uma fração do crédito em aberto.

No documento, os advogados discorrem sobre a trajetória do “trio por trás do controle da empresa”, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, descrevendo a atuação deles em outras companhias nas últimas décadas. Relacionam ainda os contratos realizados entre o BTG e a Americanas e destacam a tentativa de retirada de R$ 800 milhões em investimentos do banco, horas antes da divulgação do fato relevante do dia 11 “de maneira sorrateira”, o que mostra, segundo a instituição, “a má-fé do Grupo Americanas”.

Entenda a situação do rombo nas Americanas
A descoberta do rombo de R$ 20 bilhões nas contas das Lojas Americanas (AMER3) caiu como uma bomba na economia brasileira e trouxe muitas incertezas para acionistas, funcionários, distribuidores e consumidores da empresa varejista.

A Americanas é uma das maiores companhias no segmento do varejo no Brasil, possuindo em todo o País mais de 1.700 lojas, 25 centros de distribuição e 200 hubs. No Ceará, existem mais de 70 unidades da instituição.

Com a grande perda na empresa, muitas perguntas surgiram nas redes. A loja vai falir? Vão fechar unidades? Vão demitir funcionários? Como fica para os investidores?

Entenda abaixo como está a situação da varejista
A Americanas comunicou, na quarta-feira, 11, que foram detectadas inconsistências em lançamentos contábeis redutores da conta fornecedores realizados em exercícios anteriores, incluindo o de 2022.

Em uma análise preliminar, a área contábil da companhia estima que os valores das inconsistências sejam da dimensão de R$ 20 bilhões na data-base de 30 de setembro de 2022.

Isso fez com que o presidente da empresa, Sérgio Rial, e o diretor de relações com investidores, André Covre, deixassem os cargos.

Na sexta-feira, 13, foi concedida uma medida de tutela de urgência cautelar pelo juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª vara empresarial do Rio, dando 30 dias para que a empresa possa decidir se vai pedir recuperação judicial.

O pedido se deu porque as inconsistências contábeis da ordem de R$ 20 bilhões comunicadas pela empresa podem levar ao vencimento antecipado de R$ 40 bilhões em dívidas.

O rombo da Americanas tem gerado uma crise de confiança entre os investidores, o que vem gerando prejuízos em outras empresas do segmento de varejo. Exemplo disso é a Renner, que perdeu R$ 500 milhões em valor de mercado na Bolsa de Valores após o escândalo.

Outro segmento impactado pelos anúncios são os bancos credores da Americanas, que já prometem uma batalha judicial para recuperar valores antes da instalação de uma recuperação judicial na companhia.

Somente no Bradesco, por exemplo, a Americanas possui dívidas que chegam a R$ 4,8 bilhões.

Americanas vai falir?
A varejista não decretou falência até o momento. Mas é possível que a loja peça recuperação judicial. E assim, a empresa é autorizada pela Justiça a suspender o pagamento de dívidas.

Confirmando-se a entrada da Americanas no processo de recuperação judicial, eles vão precisar desenvolver um planejamento voltado à recuperação financeira. Neste momento, os principais acionistas da empresa buscam arrecadar fundos e há a possibilidade de parte das operações serem vendidas para pagamento de dívidas.

Esse movimento de vendas de ativos já preocupa o mercado. Entidades de classe que representam o comércio já expressaram preocupações sobre o fechamento de lojas.

Ainda assim, mesmo que todas as ações sejam tomadas e a recuperação judicial não seja bem sucedida, a Americanas pode declarar falência. Isso também pode ocorrer caso a companhia não aceite cumprir a recuperação judicial.

Vai haver corte de funcionários?
A curto prazo, as Americanas não devem fazer demissões. Mas assim como podem fechar lojas físicas, também existe a possibilidade de trabalhadores da empresa perderem seus empregos por corte de custos, principalmente se houver fechamento de unidades presenciais.

O POVO

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