Vice-governador do Amazonas diz que estado virou "laboratório" da imunidade de rebanho para agradar Bolsonaro

Blog do  Amaury Alencar
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Carlos Almeida Filho, vice-governador do Amazonas  (Foto: Reprodução Folha de São Paulo)
Carlos Almeida Filho, vice-governador do Amazonas (Foto: Reprodução Folha de São Paulo)

Em entrevista à coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, o vice-governador do Amazonas, Carlos Almeida Filho (sem partido), afirmou que o colapso em Manaus foi resultado da “política de contaminação” de imunidade de rebanho, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e assumida pelo governador Wilson Lima (PSC).

Segundo ele, a estratégia de Lima seria demonstrar alinhamento ao governo federal após se tornar alvo de investigações na Polícia Federal por suspeita de fraude na compra de respiradores. Desse modo, medidas de proteção mais restritivas perderam lugar para a noção de contaminação em massa, idealizando uma suposta imunização coletiva.

“Uma coisa era clara, a política era de afirmar que se tinha uma imunidade de rebanho. O que acabou acontecendo foi um laboratório, a P1 encontrou ambiente adequado. Porque as políticas de saúde naquele momento poderiam implicar em enfrentamento às políticas do governo federal, poderia enfraquecer o governador mediante a exposição criminal”, declarou.


O vice-governador denuncia ainda inação do governo do estado diante da crise no desabastecimento de oxigênio na Capital. Almeida Filho afirma que a empresa White Martins, responsável pelo fornecimento de oxigênio, avisou com antecedência sobre o “estouro” no abastecimento de insumos para pacientes com covid.

Ele diz ainda que houve demora para acionar o governo federal. “Se esperou a água bater no pescoço para a tomada de alguma medida, quando o governo federal foi acionado o caos já estava acontecendo”, afirmou.

Almeida Filho rompeu com o governador em 18 de maio do ano passado, por divergências na gestão da crise sanitária no Estado. “Meu comportamento sempre foi de gestor, não concordava com nenhuma medida de irregularidade”, afirmou, insinuando sobre suposto esquema de superfaturamento na compra de respiradores.

Lima se tornou alvo de investigações na PF após contratação de uma loja de vinhos para a aquisição de ventiladores mecânicos. A compra, feita sem licitação, teve um custo 316% maior, segundo revelou reportagem do portal UOL de notícias.

O ex-aliado afirma que “quando houve envolvimento do governador na operação em junho, com muita contundência, com pedido de prisão, a estratégia dele explícita foi mostrar alinhamento com as políticas de combate à pandemia do governo federal”.

Ainda em outra demonstração de aproximação, o governador condecorou o presidente com o título de cidadão amazonense, em favor da Medalha do Mérito Legislativo do Amazonas, aprovada na Assembleia Legislativa do Amazonas. O título foi entregue pelo governador, no último dia 23 de abril, durante a passagem da comitiva presidencial pelo estado.

Poucos dias depois, em 26 de abril, o governador, o vice, servidores públicos e empresários foram denunciados pela PGR (Procuradoria Geral da República) ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) por formação de “organização criminosa” na compra e transporte de respiradores para pacientes com Covid-19.

Sobre a denúncia, Almeida Filho afirmou não haver provas da sua participação no suposto esquema criminoso. “A acusação por organização criminosa exige demonstrar a integração do agente dentro da organização, isso não foi mostrado na denúncia, não pode ser só palavras, mas por provas”, disse.

                                                       ( o povo) 

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