CPI terá semana focada em debate sobre medicamentos

Blog do  Amaury Alencar
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 A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 no Senado dá continuidade, esta semana, às discussões sobre o uso de medicamentos como cloroquina e ivermectina para tratar precocemente a doença. O tema, que já teve destaque na semana passada com o depoimento da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, deve receber atenção especial nos próximos dias.

FOTO JANE DE ARAÚJO / AGÊNCIA SENADO


Está marcada para amanhã (1º) a audiência com a médica Nise Yamaguchi, que é oncologista e imunologista, diretora do Instituto Avanços em Medicina. O depoimento da médica atende a pedido do senador cearense Eduardo Girão (Podemos-CE). Ela, notória defensora do uso do tratamento precoce, foi convidada pelo presidente Jair Bolsonaro a integrar o comitê de crise ainda na gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, como pontua o senador em seu requerimento, e deverá falar sobre o tema durante o depoimento.


Além disso, na última semana os parlamentares aprovaram a realização de reuniões para debater o uso dos medicamentos, convidando uma extensa lista de médicos, biólogos e outros especialistas na área. A expectativa é de que na quarta-feira (2) as discussões já comecem a acontecer. Os parlamentares, com isso, têm intenção de ouvir tanto especialistas a favor quanto contrários ao uso desses remédios no tratamento à covid – desaconselhado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pela Disease Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos, e outras instituições de pesquisa e de saúde.


Convidados
Na lista de convidados para os debates está o médico Dráuzio Varella. No requerimento, o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), alega que o convidado conhece a situação brasileira e as políticas públicas que deveriam ter sido tomadas no enfrentamento à crise pandêmica. Também estão sendo convidados os biólogos e pesquisadores Átila Iamarino e Natália Pasternak. O senador Alessandro Vieira pediu a realização de uma audiência pública com a participação de Átila: “Átila Iamarino, doutor em virologia, pode fornecer notável contribuição técnica para a formação do convencimento dos parlamentares.”


Microbiologista e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), Natalia Pasternak está sendo convidada a partir dos requerimentos dos senadores Marcos do Val (Podemos-ES), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Humberto Costa (PT-PE) e Renan Calheiros. “Natalia Pasternak Taschner fundou e se tornou a primeira presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC), organização focada na defesa de evidências científicas utilizadas em políticas públicas”, diz Marcos do Val. Também foram chamados profissionais da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade de Harvard e da Universidade Federal do Paraná (UFPR).


Nise
Em seu depoimento à CPI, o diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, disse que, numa reunião com o governo federal, Nise Yamaguchi defendeu alterar a bula da cloroquina. Sua intenção, segundo Barra Torres, seria definir o medicamento como eficaz contra o coronavírus. O diretor da Anvisa, na ocasião, deixou clara sua recusa ao procedimento.


Ouvido pela CPI em 11 de maio, Barra Torres explicou que a alteração da indicação da cloroquina seria impossível, pois só quem pode modificar uma bula de um medicamento registrado é a agência reguladora do país de origem, desde que solicitado pelo detentor do registro. “Agora, eu não tenho a informação de quem é o autor, quem foi que criou, quem teve a ideia. A doutora [Nise Yamaguchi], de fato, perguntou sobre essa possibilidade e pareceu estar, digamos, mobilizada com essa possibilidade”, esclareceu.


Na última quinta-feira (27), Renan Calheiros afirmou que a comissão investiga a existência de uma consultoria informal ao governo a favor de métodos considerados ineficazes de enfrentamento à pandemia. “Não estamos apenas discutindo a eficácia da cloroquina ou do ‘tratamento precoce’. Queremos investigar se essas coisas foram priorizadas em detrimento da vacinação dos brasileiros. E isso poderia ter salvado muitas vidas”, definiu, opinando que o governo não comprou vacinas suficientes por não acreditar em sua eficácia. (Com informações da Agência Senado)

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