Alunos da rede pública de Iracema são selecionados para representar o Brasil em feira internacional

Blog do  Amaury Alencar
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Alaíde Hellen Bezerra Silva,  Antônio Danilo Gonçalves do Vale e Katrina Medeiros compõem equipe que representará o Brasil na Regeneron ISEF 2021 (Foto: Divulgação/Katrina Medeiros)
Alaíde Hellen Bezerra Silva, Antônio Danilo Gonçalves do Vale e Katrina Medeiros compõem equipe que representará o Brasil na Regeneron ISEF 2021 (Foto: Divulgação/Katrina Medeiros)

Três estudantes cearenses da rede pública de ensino do município de Iracema, a 286 quilômetros de Fortaleza, foram selecionados para representar o Brasil na Regeneron ISEF 2021, maior feira internacional de ciências e engenharia. O evento ocorre de 16 a 21 de maio, nos Estados Unidos, e será realizado de forma virtual devido à pandemia da Covid-19. Os alunos vão representar o País após serem finalistas na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), com o projeto “Construção de um biodigestor para a decomposição de polímeros utilizando o zophobas morio”.

O projeto propõe uma forma inovadora de combater o excesso de plástico no planeta. Ele consiste na utilização de uma lagarta chamada “zophobas morio”. As bactérias presentes no estômago do inseto conseguem degradar o material, de forma natural, contribuindo com a sustentabilidade ambiental.

Na conquista dos estudantes da Escola de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) Deputado Joaquim de Figueiredo Correia, eles contaram com a orientação da professora Karla Nobre e coorientação da professora Sebastiana Vicente. 

A estudante Katrina Medeiros, 17, umas das alunas responsáveis pela elaboração do projeto, destaca o objetivo do trabalho e as expectativas para participar do evento. “Nosso projeto apresenta uma solução necessária para um problema urgente. Estamos confiantes de que vamos chegar lá e ganhar, mas só de estar na maior feira do mundo já é uma conquista muito grande, já é algo que a gente tem de se orgulhar”, comenta.

Poder concluir um projeto durante a pandemia, período em que a educação vem sendo afetada há mais de um ano pela distância dos professores e a falta do acesso aos recursos nas escolas, foi algo grandioso, revelou Katrina. “Eu analiso essa conquista durante este período como extraordinária porque muita gente desistiu dos seus projetos. Ter conquistado isso para mim foi extraordinário”, disse.

O trabalho foi finalizado em julho do ano passado, e, durante esses quatro meses do começo da pandemia, os estudantes tiveram que se adaptar à nova realidade. “A comunicação entre eu e os meus colegas com a nossa orientadora foi toda por WhatsApp e ligação. Foi um pouco complicado, mas a gente conseguiu fazer dar certo. Nossa orientadora e coorientadora também ajudaram bastante. Tudo que a gente precisava, elas estavam lá para auxiliar. Elas sempre incentivaram a gente a continuar com o projeto”, destaca.

A estudante conclui que participar da competição internacional ainda é algo que não parece ser real. “Isso tudo para mim ainda não parece ser real. Eu e os meus amigos somos de Iracema, do Interior do Ceará, e a gente tem um pouco mais de dificuldade de realizar alguns projetos científicos, mas mesmo assim passamos por tudo isso e conseguimos chegar na maior feira de engenharia do mundo. Estamos levando nossa cidade, nosso Estado e nosso País. Dá um orgulho muito grande”, pontua.

De acordo com a professora Karla Nobre, orientadora do trabalho, a vitória dos estudantes representa um incentivo para outros alunos, que por alguns momentos não acreditavam neles mesmos. “Pessoas diziam que eles não iriam conseguir, por serem de escola pública do Interior. Mas, os meninos estudaram e ensinaram muito. Sei que eles nunca esquecerão essa experiência, concorrendo com os melhores trabalhos do mundo”, explica.

Karla ainda destaca que o projeto instiga a comunidade a repensar suas práticas e concepções a respeito da questão ambiental. “É algo simples, prático, que não prejudica nem as próprias lagartas. Sempre acreditei no valor dessa ideia”, considera. Além da estudante Katrina, outros dois alunos são responsáveis pela produção e irão participar do evento, são eles: Antônio Danilo Gonçalves do Vale e Alaíde Hellen Bezerra Silva.

Evento

Regeneron International Science and Engineering Fair (Regeneron ISEF 2021) irá reunir 1.800 jovens de 65 países, regiões ou territórios que competem com 1.480 projetos, em 21 categorias. Representando o Brasil, além dos estudantes do Ceará, estarão jovens de escolas do ensino médio e técnico dos estados da Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal. Todos eles foram selecionados pela Febrace, com nove projetos científicos que irão concorrer na feira. Serão quase US$ 5 milhões em prêmios. A mostra dos projetos vai de 16 a 21 de maio, e a cerimônia de premiação será nos dias 26 de 27 de maio.

 Cada estudante ganhou um notebook, fone de ouvido, pacote de dados e uma camiseta, oferecidos pela Embaixada e Consulados dos Estados Unidos no Brasil, que patrocinam a delegação brasileira para participar do evento online. Os projetos finalistas já começaram a ser julgados por videoconferências, considerando a capacidade criativa e pensamento científico dos estudantes, além do rigor, competência e clareza demonstrada em seus projetos.

O grande vencedor da feira que ganhará US$ 75 mil, e os quatro primeiros colocados em cada categoria receberão de US$ 3.000 a US$ 500 como prêmios. Além dos valores dessas categorias, aproximadamente US$ 4 milhões serão concedidos como prêmios de reconhecimento por patrocinadores da feira, na forma de bolsas de estudo, estágios de verão, viagens científicas e equipamentos de laboratório.

                                        ( O POVO) 

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