A coragem de quem cobra merece ser ressaltada. Welington Landim ajudou a trazer as águas do São Francisco

Blog do  Amaury Alencar
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Eixo Norte da obra da Transposição de Águas do Rio São Francisco para o Ceará. Foto: Agência Senado.

Os fortalezenses de meia idade, uma considerável parte da atual população, talvez não mais estejam lembrados dos esforços desenvolvidos para a construção do “Canal do Trabalhador”, em tempo recorde (90 dias), para evitar o colapso no abastecimento de água para o consumo humano da Capital cearense, em 1993. Já naquela época, a solução apontada para garantir água para a população de Fortaleza, era a transposição de águas do Rio São Francisco, não só para o Ceará, mas para boa parte da Região Nordestina, quase sempre muito carente de chuvas.

A cada ano de inverno de pouca água, e foram muitos, ecoavam os discursos de cobranças e promessas de concretização da transposição. Coincidentemente, foi o mesmo Ciro Gomes, construtor do “Canal do Trabalhador”, quem, enquanto ministro da Integração Nacional (entre 2003 e 2006) do primeiro Governo Lula, deu os primeiros passos efetivos para a execução do sonhado projeto, após vencidos os obstáculos de ambientalistas e de representantes de segmentos outros. Mas a disposição inicial do Governo Federal logo foi arrefecendo. E obra, em certo momento, acabou sendo ameaçada.

O deputado estadual Wellington Landim foi quem, naquele momento, iniciou um trabalho de mobilização, a partir da Assembleia Legislativa cearense, reunindo deputados estaduais de outros estados e as respectivas bancadas federais, conseguiu fazer a obra ter um curso mais célere, pois estava praticamente paralisada. Faltava recurso e disposição política para sua continuidade. Ele que sempre foi um parlamentar mais ligado às questões da Região do Cariri, onde tinha sua principal base eleitoral, a partir de Brejo Santo, passou a ter praticamente um discurso único: o da defesa da Transposição de Águas do Rio São Francisco.

Foi muito valente na defesa desse projeto apresentado como a solução para os problemas hídricos de boa parte do Estado do Ceará, principalmente da Região Metropolitana de Fortaleza. Jamais poder-se-ia afirmar que sem o seu empenho, a coragem de lutar demonstrada até a sua morte em 2015, a obra não viesse a ser concluída. Claro que chegaria ao fim. Mas com certeza não teria sido agora, na parte referente ao Ceará. Poucos têm a disposição de defender um projeto com afinco como ele fez. A falácia, sobretudo a eleitoreira, é a marca da conveniência da maioria dos detentores de mandatos.

É obrigação do homem público, sobretudo daqueles detentores da representação popular, fazer o que o Welington Landim fez, em defesa da Transposição, um projeto pensado não para atender a sua região, por sinal é a do Cariri, a menos carente de água de todas as demais regiões do Ceará, pela riqueza dos seus aquíferos. A falta de coragem e de respeito aos mandatos, fazem com que a sociedade ainda tenha que sofrer as consequências de importantes obras inacabadas.

O legislador brasileiro precisa cobrar mais dos governantes. Os governos, em qualquer das esferas: federal, estadual ou municipal, por melhor que sejam, sempre, por qualquer razão, estão deixando a desejar. As cobranças, sem dúvida, são sempre oportunas e procedentes, mesmo que as desagradem quando o excesso de vaidade ou interesse político do chefe do Executivo são maiores que o seu desejo de servir, de cumprir a obrigação do cargo que buscou. O parlamentar, sem prepotência, não pode ter inibição no exercício do seu mandato. Welington demonstrou não ter. Com sua ajuda os cearenses agora têm o benefício que a Transposição de Águas do Rio São Francisco os proporcionará.

                          Jornalista Edson Silva 

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