Três pessoas foram presas na Operação ‘Santana Raptor’ suspeitas de participação em esquema de tráfico de fósseis no Cariri

Blog do  Amaury Alencar
0

 






                                                Foto >  Hugo Delion 


A Polícia Federal em Juazeiro do Norte detalhou durante coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (22), os procedimentos da operação “Santana Raptor”, na qual foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão de de um inquérito policial que já estava sendo realizado, há três anos e que identificou uma rede criminosa que atua na extração e comercialização ilícita de fósseis do Cariri cearense. Ao todo, mais de 110 agentes trabalharam na operação.

De acordo com o delegado Alan Robson, chefe da DRCOR na SR Ceará, essa rede criminosa atua principalmente em Santana do Cariri e Nova Olinda, em pedreiras. “Fazem o trabalho de localização desses fósseis, que são trabalhados e repassados a atravessadores que ganham lucros ilícitos em cima deste material, que é um patrimônio da União, que é uma atribuição da Polícia Federal investigar esses lucros e atravessadores”, explicou.

Ele explicou que o destino dos fósseis eram pesquisadores e pessoas que com interesse na aquisição de patrimônio, que tem 110 milhões de anos aqui na região e interessa muito a ciência a geólogos, aos pesquisadores específicos em ciências ambientais e na geologia. “Então esses mandados foram cumpridos contra esses, exploradores das minas, empresários donos de pedreiras, contra pesquisadores no Rio de Janeiro, inclusive no seu gabinete de trabalho no seu gabinete na UFRJ e em seu domicilio, onde também foram apreendidos fósseis”, detalhou.

Ainda de acordo com o delegado, aqui no Ceará foi apreendido em domicilio de pessoas que extraem os fósseis e principalmente de atravessadores, que são aquelas pessoas que trabalham nessa rede criminosa e buscam aos “peixeiros”, os mineradores que trabalham na extração da pedra Cariri.

Então, os atravessadores buscam os materiais fossilífico o que possuem valor econômico. O valor dessas peças, as vezes uma pedra pode variar de R$ 100, R$ 500 ou R$ 1 mil, sendo que a investigação já apontou materiais de até 10 mil, isso aqui no Cariri. Quando esse material fossilífico chega no exterior, há trabalhos anteriores de repatriação, trazer esse material de volta ao patrimônio da União, e esses valores são multiplicados em euros e em dólares.

Alan explicou que mais importante que esses valores são esses patrimônios históricos, que é o patrimônio da União que está sendo dilapidado no dia a dia através dessa rede criminosa. “São crimes graves, são crimes contra o patrimônio da União, crimes ambientais e organização criminosas, esses crimes com pena de até 16 anos de prisão. Hoje foram presas 3 pessoas em flagrante, duas no início da manhã e uma a poucos minutos em Nova Olinda e Santana do Cariri. Como é essa prisão em flagrante? O preso estava com fósseis em sua residência. Já havia investigação que verificam que ele atua no tráfico, com indícios de que atua no tráfico, e hoje foi confirmado com os fósseis”, disse o delegado.

Além dessa 3 prisões, em outros locais de busca foram apreendidos fósseis também, e celulares, cadernos e computadores que serão analisados para desvendar se há outros participes, quem são, e qual destino desses fósseis, então a investigação continua com a analise desse material apreendido. Os presos em flagrante, os três, são encaminhados ao sistema penitenciário, ou seja, a Cadeia Publica, à disposição da Justiça Federal para aplicação da lei penal.

Rafael Rayol, procurador da República, falou sobre a segunda etapa da investigação, que é a análise de todo esse material, que foi apreendido, visando identificar como mencionado os limites de participação. “Especialmente se o foco dessa organização que atuava aqui na extração e venda dos fósseis na nossa região, se limitava ao mercado doméstico e também atuava com a venda para o exterior. Lembrando que só no Ministério Público Federal em Juazeiro, tem cerca de uma dezena de procedimentos que buscam a repatriação de fósseis, que já foram encontrados no exterior e foram contrabandeados aqui da região”, falou o procurador.

Um dos procedimentos de busca de repatriação de um pterossauro que está na França, já está apreendido lá à disposição da Justiça francesa, e estava à venda no eBay, na época, por 150 mil dólares. Tem um outro procedimento onde foram apreendidos 45 fósseis diversos, todos provenientes aqui do Cariri em posse da empresa francesa, e que esses fósseis estão avaliados pelas próprias autoridades francesas em hoje, com a cotação atual do euro, algo em torno de R$ 3 a R$ 4 milhões.

Ele enfatizou que no mercado exterior há uma valorização muito grande, um patrimônio muito valioso para a pesquisa, e para história da evolução do nosso planeta. “Sendo patrimônio brasileiro que está sendo contrabandeado e comercializado lá fora. Patrimônio este que deveria estar aqui, para uso e pesquisa do nosso povo, do nosso país, e esse material está todo sendo contrabandeado. O povo brasileiro está perdendo todo esse material”, falou.

Rafael explicou que há um terceiro procedimento de devolução de 998 fósseis, que foram apreendidos em um container, no porto de Le Havre, na França, já há alguns anos. Todos esses bens já apreendidos e dentro dos procedimentos burocráticos necessários para poder as autoridades francesas liberarem.

A equipe da Polícia Federal afirma que desde 2015 foram 3 datas diversas, salve engano em 2016, 2018 e 2019. Existem vários outros procedimentos além da França, como na Alemanha, na Holanda, no Japão, na Itália e diversos países da Europa e da Ásia, assim como também nos Estados Unidos, cujo os fósseis brasileiros foram identificados e estamos buscando a repatriação e as responsabilização dos envolvidos no Brasil e no exterior por esses crimes.

( Badalo) 

Postar um comentário

0Comentários
Postar um comentário (0)