Governador de Santa Catarina é afastado por 180 dias. Ele responde a processo de impeachment

Blog do  Amaury Alencar
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Governador Carlos Moisés da Silva (PSL). Foto: Ricardo Wolffenbüttel/SECOM/Santa Catarina.













Tribunal Especial de julgamento formado para deliberar sobre o pedido de processo de impeachment movido contra o governador de Santa CatarinaCarlos Moisés da Silva (PSL), recebeu a denúncia na madrugada deste sábado (24) e afastou-o do cargo por 180 dias.

O tribunal é composto por cinco desembargadores do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que são sorteados, e cinco deputados estaduais escolhidos pela Assembleia Legislativa catarinense, onde a sessão foi realizada.

vice-governadora, Daniela Reinehr, também foi denunciada, mas a maioria simples se formou para o prosseguimento do impeachment apenas em relação ao governador. A denúncia contra ela foi arquivada pelo voto de minerva do presidente do Poder Judiciário de Santa Catarina, desembargador Ricardo Roesler.

Dessa forma, Carlos Moisés da Silva será intimado da decisão e ficará, a partir da terça-feira (27), suspenso do exercício das funções até sentença final, além de perder 1/3 dos vencimentos, que lhes serão pagos em caso de absolvição. A vice tomar posse nesta terça-feira (27).

Votaram pela admissibilidade da denúncia o relator, deputado Kennedy Nunes, e também os deputados: Laercio Schuster, Luiz Fernando Vampiro, Maurício Eskudlark, Sargento Lima e o desembargador Luiz Felipe Schuch.

Ficaram vencidos os desembargadores: Rubens Schulz, Sérgio Rizelo, Carlos Alberto Civinski e Claudia Lambert.

O processo
O impeachment foi aberto depois que a Secretaria de Estado da Saúde pagou antecipadamente pela compra de 200 respiradores, sem fazer qualquer exigência de garantia contratual. Os equipamentos foram adquiridos por preço superior ao de mercado.

Ministério Público Federal diz que o governador sabia da compra. Os advogados negam e afirmam que há apenas indícios frágeis apontando seu suposto envolvimento. Isso porque no material probatório constam mensagens trocadas entre outros investigados, que mencionam o nome do político.

Ocorre que parte do material colhido durante operações de busca e apreensão foi considerado nulo pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. A decisão diz respeito à apreensão do celular de um advogado investigado.

A defesa do governador pediu ao Supremo Tribunal Federal para o processo de impeachment ser suspenso até que a Assembleia Legislativa de Santa Catarina inabilite as provas consideradas ilegais por Gilmar.

“Tanto a denúncia legislativa quanto o parecer da Comissão Especial parlamentar se valem de elementos de prova que, em sua substância, foram obtidos a partir do cumprimento de ordens judiciais de busca e apreensão reputadas ilegais, motivo pelo qual, como consectário lógico e formal, faz-se necessário o sobrestamento do processo de impeachment”, diz a peça encaminhada ao STF.

Arquivamento
Em 13 de outubro, a defesa do governador já havia ingressado com pedido no STJ, pleiteando o arquivamento das investigações que apuram a participação do político na compra dos respiradores.

A solicitação foi feita no curso de um inquérito apresentado ao STJ pelo Ministério Público Federal a partir de investigações conduzidas pelo Ministério Público de SC, Polícia Civil e Tribunal de Contas.

Os advogados dizem que um dos relatórios do MP-SC aponta que o governador apagou conversas com um dos arrolados no caso — o mesmo que foi alvo da operação de busca agora considerada nula.

O número de telefone apresentado pelo MP, no entanto, não é do governador, mas de um grupo de WhatsApp criado para que cidadãos consigam se comunicar com Moisés.

“De maneira irresponsável, a força-tarefa sugere que as conversas foram deletadas porque o relatório de evidências demonstra a ausência de mensagens entre os interlocutores. Não satisfeito, o relatório denomina a imagem obtida a partir do software de extração de dados como sendo a ‘colagem da conversa'”, diz a petição.

Estopim
O estopim para as acusações sobre a compra dos respiradores foi uma reportagem do site The Intercept Brasil, publicada em 28 de abril. O texto narra que a Secretaria de Saúde gastou R$ 165 mil por respirador, enquanto os demais estados gastaram entre R$ 60 mil e R$ 100 mil pela unidade do equipamento. O valor da compra foi de R$ 33 milhões.

empresa contratada foi a Veigamed, que não tem histórico de vender este tipo de aparelho. A companhia é especializada em produtos hospitalares como gaze e mobília, não fazendo referência aos respiradores em seu site.

A defesa diz que Moisés ficou sabendo da compra em 22 de abril, dias antes da publicação do Intercept, e que o político teria pedido, na mesma data, que seu chefe de gabinete informasse a Polícia Civil sobre o fato.

Fonte: site ConJur.

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