Agência Brasil
A unificação da oferta
e do acesso a leitos públicos e privados é necessária para enfrentar a
pandemia do novo coronavírus, disse hoje (16) o diretor-adjunto da
Organização Panamericana de Saúde (Opas), braço da Organização Mundial
da Saúde nas Américas, Jarbas Barbosa. Segundo ele, o Brasil tem meios
para fazer com que pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) usem leitos
da rede privada, em caso de escassez na rede pública.
Para o diretor, o acesso ao tratamento da
covid-19 não deve ser definido com base na capacidade de quem pode pagar
pelo atendimento. Ele apontou que o Brasil tem oferta maior de leitos
na rede privada do que na rede pública. Segundo Barbosa, que já foi
secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e diretor
presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o SUS
deve ser usado para igualar a oferta de leitos para os pacientes sem
plano de saúde.
Medidas
O diretor da Opas falou em seminário virtual
promovido pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). Ele
enfatizou que nenhum país estava pronto para enfrentar a pior crise de
saúde publica da história recente da humanidade. “Se olharmos a saúde
pública nos últimos 100 anos, nunca tivemos um cenário como esse. Nenhum
dos países atingidos encontrava-se preparado para a pandemia”,
declarou.
As ações na área de saúde, acrescentou
Barbosa, devem ser complementadas com medidas econômicas e sociais.
Principalmente no caso de governantes retomarem o isolamento social em
eentuais novas ondas da doença. “As medidas que vários países estão
adotando de apoio econômico serão essenciais, pois o impacto será
grande”, disse. “A economia, nós podemos recuperar e tomar medidas de
contenção. Para quem perde a vida não tem volta, não tem como
recuperar.”
América Latina
O diretor da Opas citou a cidade equatoriana de Guaiaquil como um exemplo do que pode ocorrer quando o sistema de saúde não se prepara para a pandemia.
Centro da covid-19 no Equador, a cidade litorânea, a segunda maior do
país, enfrenta uma crise não apenas nos sistemas médico e funerário, com
corpos amontoando-se nas ruas porque o governo não os consegue
enterrar. “Preparar é fundamental, em Guaiaquil foi um tsunami. Se não
preparar deixamos de salvar vidas que podiam ser salvas”, afirmou.
Barbosa também pediu maior cooperação entre
os países, principalmente para ajudar governos pobres, como o do Haiti.
“O momento é de mobilizar a comunidade internacional para a
solidariedade. E solidariedade tem nome: acesso equitativo. O Haiti tem 2
milhões de habitantes e apenas 34 respiradores. Não podemos deixar
passar isso”, destacou.