Pesquisadores
da Universidade Regional do Cariri (URCA) lançaram, na manhã desta
segunda-feira, 23, durante coletiva de imprensa, realizada no auditório
da sede do Geopark Araripe, em parceria com a Universidade Federal do
Cariri (UFCA), o Programa Paleoimage, destinado à identificação
biométrica dos fósseis achados na Chapada do Araripe. O trabalho é
inédito e deverá servir de referência para a preservação desse tipo de
patrimônio no mundo.
O
programa poderá ser disponibilizado através de aplicativo e qualquer
pessoa terá a oportunidade de fazer o registro, o que possibilitará em
mais segurança, através do caráter inovador, no combate ao tráfico e
furto de fósseis do Ceará, disponibilizando também a tecnologia da
informação através de plataforma digital. Os registros estão sendo já
realizados com o acervo da Universidade, através do Museu de
Paleontologia Plácido Cidade Nuvens.
O
programa foi desenvolvido pelos professores Katia Sacramento, da
Universidade Regional do Cariri (URCA) e Vinicius Sacramento, da
Universidade Federal do Cariri (UFCA). Outras propostas inovadoras estão
sendo implementadas pelos pesquisadores, em parceria com o pesquisador
Allyson Pinheiro (URCA), Álamo Saraiva (URCA).
A
proposta é uma resposta dos pesquisadores aos problemas relacionados à
questão da segurança maior desse patrimônio, inclusive possibilitado a
repatriação de fósseis. O software é uma poderosa ferramenta de
identificação biométrica que pode ser utilizada em qualquer sítio
paleontológico, pelo mundo, como uma ferramenta de controle local.
O
lançamento foi realizado com a presença do Reitor da URCA, Professor
Francisco do O’ Lima Júnior, o diretor do Museu de Paleontologia Plácido
Cidade Nuvens, em Santana do Cariri, Allysson Pontes, que já vinha
buscando uma ferramenta mais segura no sentido de possibilitar maior
preservação e combate ao tráfico de fósseis, além dos pesquisadores
Kátia Sacramento e Vinícius Sacramento.
Estratégia de defesa
Para
o Reitor da URCA, essa é uma grande estratégia que já inclui várias
defesas, como o próprio projeto do Geopark Araripe, no combate a saída e
a venda ilegal de fósseis. Ele ainda
afirma
que a luta tem sido intensificada nos últimos anos, além do papel da
Universidade, de encampar essa causa em suas mais diversas áreas de
atuação, a consolidação dos museus, o aspecto científico, e a bandeira
do patrimônio Paleontológico da região.
Conforme
o Reitor, dar suporte a esse tráfico, com a identificação das peças,
onde quer que elas estejam, é muito importante. “Acima de tudo destacar o
trabalho de pesquisa, produto de várias instituições como a URCA e
UFCA, IFCE, tendo como resultado o seu trabalho, que vai servir à
sociedade, destacando esse importante papel da ciência”, diz.
Dentro
da campanha Lugar de Fóssil é no Museu foi realizada uma nova doação,
pelo morador de Santana do Cariri, Expedito Carlos do Nascimento, e já
incluída no processo de identificação através do novo programa. A
campanha nasceu recentemente em Santana, e permite que as pessoas possam
ser sensibilizadas à doarem para pesquisa científica.
O
Professor Vinícius Sacramento ressaltou que quando um fóssil for
encontrado numa área de extração, o programa permite que ele seja
registrado digitalmente, com a retirada de uma foto, e essa imagem passa
a ser registrada no banco de dados da universidade. “Se porventura esse
material for extraviado ou apreendido, poderá ser feito o escaneamento
dessas imagens através do Paleoimage e identificar esse fóssil como
propriedade da universidade”, explica.
A
Professora Kátia Sacramento destaca a importância do registro
biométrico para o banco de dados. “Esses fósseis precisavam de uma
identidade para assegurar que eles possam ser rastreados em qualquer
situação, através da catalogação biométrica”, afirma.
Identificação
Mesmo
estando em uma foto de jornal ou qualquer site, mas registrado no banco
de imagens, consegue-se comprovar que o fóssil é da região. Outro
aspecto destacado pela pesquisadora, seria o controle a partir do
material identificado na pedreira, diretamente dos locais de extração.
“Isso vai dificultar que esse fóssil vá parar fora. Uma política de
segurança criada para as universidades e outros estados também”, diz
ela.
O
Professor Allysson Pontes, diretor do Museu, ressalta a importância do
programa para melhor gerenciar os acervos que já se tem, com a precisão
de identificação, e ter maior controle
sobre
o que acontece com os fósseis da região, e que fica disponível para o
mundo. Ele afirma a parceria dos pesquisadores com o museu, que passa a
ser a primeira instituição a fazer uso dessa tecnologia, e comprovar na
prática a eficácia do programa. Outros países podem aderir a essa forma
de identificação. O novo programa será divulgado dentro da rede de
geoparques mundiais, para que outros territórios possam usufruir dessa
importante ferramenta.
Para
o diretor do Geopark Araripe, Nivaldo Soares, a segurança e a
manutenção dos fósseis são preocupações do Geopark e da própria
universidade, além das demais instituições e os vários parceiros e toda a
sociedade. Segundo ele, um trabalho como esse vem mostrar essa
necessidade, e o Geopark tem o papel de contribuir nesse sentido,
contando com essa base científica das universidades.
O
Reitor Lima destacou a ferramenta arrojada que faz uso ao que há de
moderno em termos de tecnologia, com professores gabaritados das duas
instituições públicas de ensino superior da região, buscando soluções
que possam ser utilizadas por outras esferas, com a produção do
conhecimento.
Segundo
Kátia Sacramento, a principal importância desse projeto está atrelada à
segurança dos fósseis na região, porque uma vez que houver o
reconhecimento biométrico, onde esse material estiver, a URCA e a UFCA
conseguem provar que o fóssil é do Cariri, como forma de minimizar esses
furtos locais ainda existentes.
Espera-se
agora a parceria do Governo do Estado como suporte, além de estender
para a Polícia Federal de todo o País. “Uma vez que se esse banco de
imagens estiver associado, não haverá mais saída desse material do
Brasil”, assegura. Recentemente, os professores realizaram o registro do
Projeto.
Para
o Professor Vinícius Sacramento, identificando a espécie como da região
fica mais fácil relacionar a origem do fóssil e a problemática do
tráfico e furtos pode ser minimizada. “Com um trabalho dessa natureza,
se mostra que vale a pena investir em educação pública”, avalia.