De passagem por Fortaleza para participar
de romaria até a cidade de Canindé (115 km de Fortaleza), o general e
ex-ministro da Secretaria de Governo de Bolsonaro, Carlos Alberto dos
Santos Cruz, disse que a soltura do ex-presidente Lula é uma discussão
que diz respeito apenas à Justiça.
“É um assunto legal, o juiz que toma decisão. Tem que
seguir a lei. Quem está preso está enquadrado na lei, a Justiça vai ter
que decidir”, afirmou.
Sobre o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF)
que pode anular sentenças da Operação Lava Jato, beneficiando o petista,
ele respondeu que se trata de “problema jurídico”, mas que “o Brasil
inteiro está prestando atenção nas decisões do STF”.
O general acrescentou: “Tenho certeza de que o STF também está vendo que o Brasil está olhando e vai chegar num equilíbrio”.
Santos Cruz chegou à capital cearense na última
sexta-feira. Pela terceira vez, o militar de 67 anos participa da
atividade com colegas da turma de 1974 da Academia Militar das Agulhas
Negras (Aman), em Resende, no Rio.
Terceiro ministro demitido por Bolsonaro, ele deixou o
governo em julho passado, depois de passar por processo de fritura
levado adiante pelo núcleo ideológico mais próximo do presidente da
República, do qual fazem parte o ideólogo Olavo de Carvalho e os filhos
Eduardo e Carlos Bolsonaro.
“Não falei com o presidente (desde a saída). Sem dúvida
nenhuma a nossa relação ficou abalada”, disse o ex-ministro, durante
conversa com O POVO, enquanto se deslocava para Canindé.
Santos Cruz conta que tinha laços de amizade com o
pesselista, de quem se afastou após ter sido exonerado. “A gente tinha
uma amizade antiga, mas como as coisas aconteceram... Ele tem a função
dele, eu tenho a minha, não é o caso de ficar mantendo contato.”
Questionado sobre as razões que levaram a sua demissão,
ele falou que acredita ter sido “por causa exatamente da pressão do
pessoal mais ideológico e com quem ele acaba tendo compromisso”. E
completou: “Mas o presidente tem o direito de dispensar ou de convidar
quem quiser para o governo”.
General da reserva do Exército, Santos Cruz comandou as
forças da ONU no Congo e no Haiti, em missões de paz. Também foi
secretário Nacional de Segurança Pública até 2017, ainda na gestão de
Michel Temer.
O militar tem amigos cearenses com quem realiza caminhada até Canindé.
O general brinca que, ainda que tivesse permanecido no
Governo, teria pedido uns dias de folga para cumprir os quase 120 km que
separam a Capital do município cujo padroeiro é São Francisco.
o povo