Soltura do Lula é uma questão da Justiça", diz ex-ministro de Bolsonaro

Blog do  Amaury Alencar
FORTALEZA, CE, BR, 01.10.19 - General Santos Cruz faz romaria até Canindé (Foto: Aurélio Alves/O Povo)
FORTALEZA, CE, BR, 01.10.19 - General Santos Cruz faz romaria até Canindé (Foto: Aurélio Alves/O Povo)
De passagem por Fortaleza para participar de romaria até a cidade de Canindé (115 km de Fortaleza), o general e ex-ministro da Secretaria de Governo de Bolsonaro, Carlos Alberto dos Santos Cruz, disse que a soltura do ex-presidente Lula é uma discussão que diz respeito apenas à Justiça.
“É um assunto legal, o juiz que toma decisão. Tem que seguir a lei. Quem está preso está enquadrado na lei, a Justiça vai ter que decidir”, afirmou.

Sobre o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que pode anular sentenças da Operação Lava Jato, beneficiando o petista, ele respondeu que se trata de “problema jurídico”, mas que “o Brasil inteiro está prestando atenção nas decisões do STF”.
O general acrescentou: “Tenho certeza de que o STF também está vendo que o Brasil está olhando e vai chegar num equilíbrio”.
Santos Cruz chegou à capital cearense na última sexta-feira. Pela terceira vez, o militar de 67 anos participa da atividade com colegas da turma de 1974 da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende, no Rio.
Terceiro ministro demitido por Bolsonaro, ele deixou o governo em julho passado, depois de passar por processo de fritura levado adiante pelo núcleo ideológico mais próximo do presidente da República, do qual fazem parte o ideólogo Olavo de Carvalho e os filhos Eduardo e Carlos Bolsonaro.
“Não falei com o presidente (desde a saída). Sem dúvida nenhuma a nossa relação ficou abalada”, disse o ex-ministro, durante conversa com O POVO, enquanto se deslocava para Canindé.
Santos Cruz conta que tinha laços de amizade com o pesselista, de quem se afastou após ter sido exonerado. “A gente tinha uma amizade antiga, mas como as coisas aconteceram... Ele tem a função dele, eu tenho a minha, não é o caso de ficar mantendo contato.”
Questionado sobre as razões que levaram a sua demissão, ele falou que acredita ter sido “por causa exatamente da pressão do pessoal mais ideológico e com quem ele acaba tendo compromisso”. E completou: “Mas o presidente tem o direito de dispensar ou de convidar quem quiser para o governo”.
General da reserva do Exército, Santos Cruz comandou as forças da ONU no Congo e no Haiti, em missões de paz. Também foi secretário Nacional de Segurança Pública até 2017, ainda na gestão de Michel Temer.
O militar tem amigos cearenses com quem realiza caminhada até Canindé.
O general brinca que, ainda que tivesse permanecido no Governo, teria pedido uns dias de folga para cumprir os quase 120 km que separam a Capital do município cujo padroeiro é São Francisco.

o povo