A auxiliar de serviços gerais Tereza Maria Veras, 36 anos, que estava grávida de nove meses de um menino denuncia que perdeu o bebê em um hospital de Granja, a 300 km de Fortaleza, após 11 horas de espera. Segundo ela, o atendimento foi ruim e só havia um médico na unidade.
Foto : Blog do Edilson. com.br
Por meio de nota, a prefeitura de Granja
afirmou que a gestante procurou o Hospital e Maternidade Vicente Arruda
em trabalho de parto queixando-se de “perda de líquido”, sendo
prontamente atendida pela enfermeira obstetra, que a manteve sob
observação e tomou todas as condutas indicadas para o quadro clínico. (veja íntegra da nota abaixo)
A mulher buscou atendimento no Hospital Maternidade Vicente Arruda no último dia 9. Ela afirma que sentia muitas dores, mas mesmo assim, o parto não foi realizado de imediato na unidade de saúde.
“Cheguei no hospital por volta das 14
horas do dia 9 de outubro. Estava sentindo muitas dores. Me receberam
normal. Duas horas depois fizeram o exame de toque e me deixaram em uma
cama até quase 1 hora da manhã do outro dia. Então fiquei 11 horas
esperando que um médico chegasse e me atendesse”, afirmou.
Tereza Maria explicou que as enfermeiras disseram para ela que o hospital só contava com um médico
que estava realizando uma cesárea em uma outra paciente. “As
enfermeiras falaram que tinha um médico, mas ele estava ocupado. Quando
deu 19 horas a bolsa estourou e eu com muitas dores perguntei pelo
médico. Elas não souberam informar o motivo de ele ter ido embora sem me
ver”, disse.
Tereza Maria afirmou que por volta de
0h30 uma enfermeira decidiu que a paciente precisaria ser transferida
urgentemente. A profissional de saúde assinou um documento de
transferência e acompanhou a mulher até o hospital de Camocim distante
45 km de Granja. Ela chegou em Camocim por volta 1h30 e médico atendeu
prontamente, fez a cesariana, mas retirou bebê já sem vida.
Segundo a prefeitura de Granja, ao ser
examinada constatou-se dilatação de seis centímetros, bolsa íntegra,
contrações uterinas regulares com feto único, com batimentos
cardiofetais de 140 batimentos por minuto.
Transferência para Camocim
O órgão municipal explicou também os parâmetros estavam dentro dos limites de normalidade para evolução de um parto vaginal fisiológico. Durante a evolução do trabalho de parto, a equipe observou que após a ruptura da bolsa ocorreu saída de mecônio [substância pastosa evacuada pelo feto que pode estar associada a sofrimento] pelo canal vaginal sendo de pronto providenciado o encaminhamento da gestante ao Hospital Deputado Murilo Aguiar em Camocim, que é o Hospital Polo na microrregião para os atendimentos mais graves.
O órgão municipal explicou também os parâmetros estavam dentro dos limites de normalidade para evolução de um parto vaginal fisiológico. Durante a evolução do trabalho de parto, a equipe observou que após a ruptura da bolsa ocorreu saída de mecônio [substância pastosa evacuada pelo feto que pode estar associada a sofrimento] pelo canal vaginal sendo de pronto providenciado o encaminhamento da gestante ao Hospital Deputado Murilo Aguiar em Camocim, que é o Hospital Polo na microrregião para os atendimentos mais graves.
A prefeitura disse que a
gestante deixou a maternidade com sinais vitais estáveis, sem evidências
de instabilidade hemodinâmica, com movimentos e batimentos fetais
presentes, mantida sob cuidado supervisionado, através de
ambulância do município com suporte adequado e devidamente acompanhada
por uma profissional da saúde.
Ainda de acordo com a prefeitura de
Granja, nas dependências do Hospital e Maternidade Vicente Arruda, a
paciente recebeu todos os cuidados necessários e possíveis, em tempo
oportuno e de acordo com os protocolos estabelecidos pelo Ministério da
Saúde e OMS.
Revolta e dor
Revoltada, Tereza Maria disse que a família vai recorrer à Justiça. “Ninguém do hospital nos explicou os motivos do que aconteceu até agora. O médico estava lá e era para ter me visto. Ter me atendido. Depois, vamos procurar os nossos direitos para que Justiça seja feita. A morte do meu filho não pode passar impune”, disse.
Revoltada, Tereza Maria disse que a família vai recorrer à Justiça. “Ninguém do hospital nos explicou os motivos do que aconteceu até agora. O médico estava lá e era para ter me visto. Ter me atendido. Depois, vamos procurar os nossos direitos para que Justiça seja feita. A morte do meu filho não pode passar impune”, disse.
Na casa auxiliar de serviços gerais tudo
já estava preparado para receber o menino. Inconformada, Tereza lamenta
a perda do filho. “Foram nove meses de espera, sentindo-o mexendo
dentro de mim, com aquele amor de mãe”, afirma.
Veja nota da prefeitura na íntegra:
“A respeito do evento noticiado em rede social no dia 10 de outubro de 2019, segundo o qual a gestante de iniciais T.M.N.V teria recebido atendimento médico inadequado no Hospital e Maternidade Vicente Arruda, culminando com a morte de seu bebê, a Prefeitura Municipal de Granja, vem a público para cumprir o seu dever de prestar os seguintes esclarecimentos:
A Gestante acima citada procurou o
Hospital e Maternidade Vicente Arruda em trabalho de parto queixando-se
de “perda de líquido”, sendo prontamente atendida pela enfermeira
obstetra, que a manteve sob observação e tomou todas as condutas
indicadas para o quadro clínico. Ao ser examinada constatou-se dilatação
de 6 centímetros, bolsa íntegra, contrações uterinas regulares com feto
único, situação longitudinal, em apresentação cefálica e com batimentos
cardiofetais de 140 batimentos/min. Parâmetros estes dentro dos limites
de normalidade para evolução de um parto vaginal fisiológico. Durante a
evolução do trabalho de parto a equipe observou que após a amniorrexe
ocorreu saída de mecônio pelo canal vaginal sendo de pronto
providenciado o encaminhamento da gestante ao Hospital Dep. Murilo
Aguiar em Camocim, que é o Hospital Polo na microrregião para os
atendimentos mais graves.
Neste momento, a Gestante Sra. T.M.N.V
deixou a maternidade com sinais vitais estáveis, sem evidências de
instabilidade hemodinâmica, com movimentos e batimentos fetais
presentes, mantida sob cuidado supervisionado, através de ambulância do
município com suporte adequado e devidamente acompanhada por uma
profissional da saúde, conforme protocolo de rotina. Assim, vale
salientar que nas dependências do Hospital e Maternidade Vicente Arruda,
a paciente recebeu todos os cuidados necessários e possíveis, em tempo
oportuno e de acordo com os protocolos estabelecidos pelo Ministério da
Saúde e OMS.
Diariamente o hospital atende cerca de
100 pacientes e realiza uma média de 70 partos mensais, com equipe
composta por profissionais capacitados e treinados, o que significa que
essa instituição cumpre fielmente seu papel de salvar vidas e atender
dignamente a população Granjense e região. Inclusive neste mesmo dia,
foram realizados 09 partos com absoluto sucesso.
Por fim, a Prefeitura Municipal em nome
de toda equipe da Secretaria de Saúde, Direção do Hospital e
Profissionais envolvidos no atendimento à paciente, solidariza-se
profundamente com a dor da família em luto e afirma que nunca houve e
nem haverá omissão de socorro. Lamentamos profundamente o ocorrido e nos
colocamos à disposição para prestar os esclarecimentos que se fizerem
necessários”
Conteúdo: G1