PF aponta propina paga a líder do Governo no Senado

Blog do  Amaury Alencar

A Polícia Federal (PF) aponta que o líder do Governo Federal no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), recebeu R$ 5,5 milhões em propinas de empreiteiras encarregadas das obras de transposição do Rio São Francisco e de outros contratos do Executivo federal. O caso repercutiu ao longo do dia de ontem (19), quando a informação foi divulgada.

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A negociação e o repasse dos valores, segundo a PF, teriam ocorrido de 2012 a 2014, época em que Bezerra Coelho era ministro da Integração Nacional na gestão de Dilma Rousseff (PT) e integrava o PSB. Além do senador, também teria sido destinatário de subornos o filho dele, Fernando Bezerra Coelho Filho (DEM-PE), suposto beneficiário de R$ 1,7 milhão.


Bezerra Coelho, o filho e outros investigados foram alvos de ações de busca e apreensão da PF nesta quinta-feira, determinadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Roberto Barroso. As investigações da PF se deram a partir das delações premiadas de empreiteiros e dos empresários João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, Eduardo Freire Bezerra Leite e Arthur Roberto Lapa Rosal.
No correr do inquérito, identificaram-se supostas operações financeiras ilícitas das empresas dele.

Mello Filho e os outros dois colaboradores contaram ter feito o “pagamento sistemático de vantagens indevidas” a Bezerra Coelho e ao seu filho por ordem das empreiteiras OAS, Barbosa Mello, Paulista e Constremac Construções, envolvidas nas obras da transposição e em outros projetos do governo federal.
A pasta da Integração, comandada por Bezerra, era a responsável pela construção dos canais que levam água do rio São Francisco para outras regiões do semiárido nordestino. Para ocultar a origem ilícita dos recursos, pai e filho teriam se valido de um esquema de lavagem de dinheiro, envolvendo empresários, operadores e outros políticos e pessoas jurídicas.
Alcolumbre
O presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP), criticou a operação de busca e apreensão e disse que o Senado vai apresentar questionamentos ao STF sobre o caso. “Há um entendimento no STF que a operação realizada precisa ter conexão com o mandato. A determinação de um ministro do STF de entrar no gabinete da liderança do governo no Senado Federal… A liderança é um espaço do Governo Federal. Só que em 2012 e 2014, período a que a operação se refere, Fernando Bezerra não era senador, muito menos líder do governo. Sete anos depois, um mandado de busca e apreensão?”, disse Alcolumbre ao mencionar uma das perguntas que serão apresentadas oficialmente ao STF.
O presidente do Senado disse que vai defender a Casa como instituição e também ressaltou o esforço que tem feito para garantir que não haja uma crise institucional entre Legislativo e Judiciário. “O STF, como instituição, mais do que nunca, sabe o que o Senado tem feito para manter equilíbrio e a independência. Peço reflexão do STF, de um ministro, não é de todo o tribunal, em relação a esta decisão.”