Deltan vê ‘revanchismo’ contra Lava Jato

Blog do  Amaury Alencar
O procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, criticou ontem (19) recentes decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e chamou de “revanchismo” a possível mudança de entendimento sobre a prisão após a segunda instância de julgamento.

 


 O assunto está parado no STF, mas com previsão de retorno à pauta de julgamentos deste segundo semestre.
“Ou seja, temos um péssimo ambiente nesse momento e ainda soma-se a tudo isso um ambiente de revanchismo, que aumenta a probabilidade de eu e outras pessoas sermos punidos em diferentes âmbitos”, afirmou.

Uma das decisões criticadas pelo procurador, na ocasião, foi a que anulou a condenação de Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil. “Chega lá [no STF] e tem entendimento diferente, novo, com o qual a gente não contava na investigação e derruba [o processo] para trás. Isso é contraproducente”, disse, em palestra no Congresso Paranaense de Radiodifusão, em Curitiba (PR), direcionado a profissionais da área. Bendine foi condenado inicialmente por corrupção e lavagem de dinheiro pelo então juiz Sergio Moro, hoje ministro da Justiça.

Além dessa anulação, Deltan citou outras decisões da STF que, para ele, “não geram bons efeitos” no combate à corrupção. Entre elas estão a mudança de instância de alguns procedimentos da Lava Jato para a Justiça Eleitoral e a proibição de encaminhamento de informações da Receita Federal e do Coaf para o Ministério Público, o que suspendeu procedimentos já abertos e gerou o afastamento de dois auditores fiscais. “Fora o prejuízo da investigação ainda tem o fato que isso acua os auditores da Receita, isso é injusto, errado, não gera bons efeitos”, disse.