ONGs elaboram carta de repúdio à fala de Bolsonaro

Blog do  Amaury Alencar

Cinquenta e duas organizações da sociedade civil reagiram à fala do presidente Jair Bolsonaro (PSL) que afirmou, na última quarta-feira (21), que ONGs podem estar por trás de queimadas na Amazônia. Em carta aberta entregue no Palácio do Planalto, essas organizações, que fazem parte do Pacto Pela Democracia, dizem receber com indignação as falas do presidente e que atribuir a terceiros a autoria de eventos pelos quais se é responsável é uma prática tão comum quanto nefasta.

 

O texto, assinado por entidades como 342 Amazônia, Atados, Bancada Ativista, Fundação Tide Setubal. Instituto Alana, Idec e Instituto Ethos, também afirma que o presidente tem como dever constitucional proteger o ambiente.

Segundo o texto, a fala de Bolsonaro dificulta a atuação das organizações e coloca em risco a vida de ativistas. “Infelizmente, ela parece seguir a trilha de quem também declarou o desejo de varrer do Brasil todos os ativismos”, escrevem as organizações.

Ricardo Borges Martins, coordenador-executivo do Pacto pela Democracia, diz que as declarações do presidente estão equivocadas ao colocar as organizações como inimigas do interesse público.

“Infelizmente isso tem sido frequente, o que revela um entendimento do presidente de que a sociedade civil não tem muito a contribuir, atuaria apenas para minar o seu governo, o que é um entendimento torpe. A sociedade civil está para ajudar governos a trabalhar políticas para o bem público.”
Segundo Borges, as falas de Bolsonaro criam na sociedade um sentimento e uma opinião contrária as organizações, prejudicando suas atividades. “As falas do presidente tem repercussão. Ele não pode fazer acusações sem fundamento.”.
Protestos
A polêmica que circunda o tema das queimadas na Amazônia, além de mobilizar as ONGs, também tem provocado reação popular. O aumento do desmatamento, o crescimento no número de queimadas e a discussão que se gerou a partir disso – incluindo declarações do presidente e de outros integrantes do governo – impulsionaram a marcação de diversos protestos no País para os próximos dias, inclusive na capital cearense.
Há manifestações marcadas em pelo menos nove capitais. Hoje, São Paulo (SP), Santos (SP), Rio de Janeiro (RJ), Curitiba (PR), Salvador (BA) e Atalanta (SC) terão atos. Já no sábado (24), estão programadas manifestações em Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG), Manaus (AM), Ribeirão Preto (SP), São Carlos (SP), Natal (RN) e Porto Velho (RO).
O evento no Facebook da manifestação “SOS Amazônia”, que acontecerá no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), na Avenida Paulista, em São Paulo, tem cerca de 9.500 pessoas confirmadas. Já a manifestação marcada para a Praça Portugal, em Fortaleza, na tarde deste sábado, tinha 735 confirmados até o fechamento desta edição.
Também devem acontecer manifestações em cidade europeias, como Londres (Reino Unido), Paris (França), Madri (Espanha), Lisboa (Portugal) e Dublin (Irlanda).