A visita administrativa do presidente Lula ao Ceará cumpriu um objetivo político claro: reforçar o grupo liderado pelo ministro da Educação, Camilo Santana, e pelo governador Elmano de Freitas, em um momento de instabilidade e divisões profundas dentro da oposição ao Palácio da Abolição.
Aliado aos Governos Estadual e Federal, o deputado federal Eunício Oliveira, pré-candidato do MDB ao Senado, voltou a conversar com o presidente Lula, com o ministro Camilo Santana, com o Governador Elmano e com o deputado José Guimarães, também, pré-candidato ao Senado.
CORRIDA AO SENADO
A conversa foi além da agenda administrativa, mas se estendeu também ao cenário pré-eleitoral. Elmano e Camilo tem evitado declarações públicas sobre as eleições, mas, nos bastidores, avançam na construção de uma sólida aliança para 2026.
Liderada pelo PT, a aliança conta, hoje, com PC do B, PV, Republicanos, PP, PSD, MDB e PSB. Os entendimentos apontam para uma composição da chapa majoritária com o PT, PSB e MDB.
A foto do presidente Lula com Camilo, Guimarães, Elmano e Eunício gerou especulações por retratar, possivelmente, a composição da chapa ao Governo e ao Senado. Guimarães e Eunício são pré-candidatos ao Senado.
AGENDA PRESIDENCIAL
A agenda presidencial começou a ser articulada logo após a filiação do ex-presidenciável Ciro Gomes ao PSDB, movimento que intensificou ataques a Camilo e Elmano e levou Ciro a se aproximar do bloco bolsonarista para tentar construir uma aliança com PL e União Brasil.
A chegada de Lula ao Estado aconteceu justamente quando a oposição enfrentava um tumulto sem precedentes. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que esteve em Fortaleza no domingo (30) para oficializar apoio à pré-candidatura de Eduardo Girão ao Governo do Ceará, rejeitou publicamente a costura de uma aliança entre PL e PSDB. O posicionamento de Michele provocou um racha interno e resultou no desmonte, pela Executiva Nacional do PL, das negociações conduzidas pelo deputado federal André Fernandes em direção a um acordo com Ciro Gomes.
CRISE NA OPOSIÇÃO
A defesa insistente de André pela aliança com Ciro tinha um objetivo direto: viabilizar a candidatura do pai, o deputado estadual pastor Alcides Fernandes, ao Senado em 2026. A estratégia do parlamentar cearense ganhou ainda mais visibilidade após receber o apoio declarado do deputado federal Eduardo Bolsonaro, que endossou publicamente o movimento.
Nesse cenário turbulento, a presença de Lula no Ceará — inaugurando obras, participando de eventos estratégicos e reforçando a sintonia com Camilo e Elmano — serviu para consolidar a força do bloco governista e contrastar a estabilidade interna do grupo com a crise aberta que fragmenta a oposição.
