
A área da Previdência Social consolidou-se como um dos maiores gargalos da administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao reassumir o comando do país, em 1º de janeiro de 2023, o governo encontrou uma fila no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com cerca de 1,2 milhão de pedidos de benefícios aguardando análise.
Três anos depois, o cenário se agravou: o número de requerimentos pendentes já se aproxima de 2,9 milhões, deixando um contingente de brasileiros inseguros e sem resposta do Estado.
PEDIDO DE BPC: 900 MIL NA FILA
A fila engloba pedidos de Benefício de Prestação Continuada (BPC/Loas), auxílio-maternidade, auxílio-doença, aposentadorias urbanas e rurais, além de pensões por morte. Um dos retratos da burocracia: as estatísticas do INSS mostram que, em janeiro de 2024, o BPC demorava, em média, 62 dias, passando, nos últimos meses, para uma média de 193 dias. A concessão desse benefício, de acordo com o próprio INSS, tinha uma média de 173 nos Governos Dilma/Michel e Bolsonaro.
Como consequência da lentidão, apenas no BPC, voltado à população mais vulnerável, o volume de solicitações saltou de 511 mil, no mês de junho de 2023, para cerca de 898 mil pedidos, no mês de setembro de 2025, revelando o impacto direto da lentidão do sistema sobre quem depende do benefício para sobreviver.
Os dados do INSS mostram que, nesse mesmo período, a fila de pedidos de aposentadorias saiu de 357 mil para 283 mil pessoas, o que mostra que, com tempo de contribuição comprovado e a idade alcançada, o benefício é liberado com menos burocracia.
PROBLEMA ESTRUTURAL
O crescimento das filas reflete um problema estrutural que o governo não conseguiu equacionar. A máquina do INSS tornou-se ainda mais sucateada, sem renovação adequada dos quadros de pessoal e sem a realização de concursos públicos em escala suficiente para repor aposentadorias e desligamentos.
Sem a renovação nos quadros de pessoal, com um déficit que chega a 15 mil servidores, o INSS deixa de prestar o serviço essencial para segurados e beneficiários: atendê-los na hora da dor e da precisão.
TECNOLOGIA AJUDOU, MAS NÃO RESOLVEU
Ao longo dos últimos três anos, medidas tecnológicas foram adotadas com o objetivo de agilizar o atendimento e a análise dos processos. No entanto, a modernização, por meio de robôs, não foi acompanhada do reforço humano necessário.
Sem mais servidores, a digitalização, com a análise de documentos, por si só, não foi capaz de reduzir o estoque de pedidos, comprometendo a velocidade e a segurança das análises.
A média de espera para uma resposta do INSS, entre todos os benefícios, caiu de 79 dias (gestão Bolsonaro) para 35 dias (governo Lula), mas sem pessoal suficiente para atender à demanda dos segurados e beneficiários, o Ministério da Previdência Social acompanha uma explosão de solicitações de auxílios e aposentadorias, com muita gente sofrendo na fila.
PERÍCIA MÉDICA, OUTRO GARGALO
Outro ponto crítico é a chamada fila paralela das perícias médicas, que também acumula milhares de solicitações. O modelo do ateste médico à distância, implantado como alternativa emergencial, não funcionou a contento e acabou ampliando gargalos, especialmente nos pedidos de auxílio por incapacidade.
O cenário indica que, a curto e médio prazo, o problema tende a se tornar irreversível se não houver uma política robusta de recomposição do quadro de servidores, revisão dos fluxos internos e fortalecimento da estrutura do INSS.