
Mesmo diante de pressões e acordos de bastidores que tentam frear o avanço das investigações, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS segue ampliando o cerco para descobrir o destino de parte do dinheiro desviado de aposentados e pensionistas.
Nesta segunda-feira (10/11), durante depoimento à comissão, foi apreendido o celular do empresário Igor Dias Delecrode, dirigente da Associação de Amparo Social do Aposentado e Pensionista (AASAP) — entidade investigada por descontos ilegais em benefícios previdenciários que, segundo estimativas, movimentaram cerca de R$ 700 milhões.
Delecrode compareceu à sessão amparado por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o que gerou fortes críticas do presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), que protestou contra a decisão da Corte logo na abertura da reunião. O empresário permaneceu em silêncio durante todo o depoimento, recusando-se a responder às perguntas dos parlamentares.
Por volta das 19h30, o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), apresentou um requerimento para a apreensão dos celulares e acesso às mensagens em aplicativos de conversa. O pedido foi imediatamente aprovado por Carlos Viana, que recolheu o aparelho do depoente e o encaminhou à Polícia Legislativa para perícia.
A medida é vista como um avanço importante nas apurações, em meio a um ambiente político marcado por acordos que tentam proteger figuras influentes ligadas ao esquema. A CPMI busca rastrear as transações e comunicações que possam revelar quem se beneficiou dos valores desviados e como operava a rede de fraudes que lesou milhões de aposentados em todo o país.