Cococi: a cidade esquecida que virou símbolo de um passado de poder no sertão dos Inhamuns

Blog do  Amaury Alencar
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O sertão dos Inhamuns volta ao noticiário nacional com uma reportagem que conta a história que mistura poder, riqueza e decadência. No coração dessa região, Cococi, hoje reduzida a ruínas e habitada por apenas duas famílias, guarda o que restou de um antigo município cearense que, no auge, chegou a ter cerca de 4 mil habitantes e uma forte influência política e econômica.

Hoje, Cococi é um distrito de Parambu, mas, no passado, foi uma cidade independente, nascida da força e do domínio da família Feitosa, uma das mais poderosas do interior do Ceará.

A localidade surgiu sobre uma das maiores sesmarias do Estado, vastas porções de terra concedidas durante o período colonial. Com o avanço da pecuária, a região prosperou e se transformou em um importante polo de produção.

A reportagem do Jornal Folha de São Paulo destaca que, na década de 1950, o conjunto de fazendas dos Feitosa deu origem à Vila Cococi, que, em 1957, conquistou o status de município. A família controlava praticamente toda a estrutura local: prefeitos, vereadores e secretários eram parentes, e cerca de 90% das terras pertenciam ao mesmo clã. Quase todos os moradores trabalhavam para os Feitosa, em um modelo de poder que confundia os limites entre o público e o privado.

Esse domínio absoluto acabou despertando a atenção das autoridades federais, após denúncias de que Cococi funcionava como uma grande fazenda mantida com recursos públicos. Uma investigação comprovou as irregularidades, e o Governo Federal suspendeu o envio de verbas, levando à extinção do município em 1970.

Desde então, o que restou de Cococi é um cenário silencioso de imóveis em ruínas e lembranças de um passado de glória e controle familiar. O antigo município tornou-se símbolo de um tempo em que o poder político e o domínio da terra ditavam o destino das pequenas cidades do sertão cearense.

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