Cariri enfrenta calor extremo com temperaturas próximas dos 40°C: baixa umidade, riscos à saúde e perigo de incêndios preocupam moradores; previsão indica alívio só no fim de novembro

                                                                   foto : Redes sociais 

Por Blog do Amaury Alencar

 O Cariri cearense está enfrentando um dos períodos mais quentes do ano, com temperaturas variando entre 35°C e 39°C em diversos municípios da região. A combinação de calor intenso, baixa umidade do ar e ausência de chuvas tem deixado a população em alerta e exigido cuidados redobrados com a saúde, o meio ambiente e até mesmo com o uso racional da água. A previsão dos meteorologistas é de que o clima só deve começar a mudar entre o final de novembro e o início de dezembro, com a chegada da pré-estação chuvosa.

 Calor sufocante e sensação térmica acima dos 40°C
Nas cidades de Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Campos Sales e Santana do Cariri, o calor tem sido sentido de forma intensa nas últimas semanas. O tempo seco, aliado à forte radiação solar, faz com que a sensação térmica ultrapasse facilmente os 40°C durante o período da tarde. Em áreas mais abertas e com pouca vegetação, a situação é ainda mais crítica.

Segundo especialistas da Funceme (Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos), o fenômeno está associado à redução da cobertura de nuvens típica do segundo semestre, somado à intensa radiação solar e aos ventos mais quentes do interior nordestino. O cenário, que se repete todos os anos nessa época, tende a se agravar com as mudanças climáticas globais e o avanço do El Niño, que eleva as temperaturas e dificulta a formação de chuvas.

 Umidade do ar em níveis críticos
Outro fator preocupante é a baixa umidade do ar, que em alguns dias tem ficado abaixo dos 20%, índice considerado estado de alerta pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A baixa umidade provoca ressecamento das vias respiratórias, irritação nos olhos, cansaço e desidratação, especialmente em crianças e idosos.

As autoridades de saúde orientam que a população evite exposição direta ao sol entre 10h e 16h, beba bastante água, utilize roupas leves e, se possível, permaneça em locais ventilados. O uso de umidificadores de ar ou mesmo bacias com água dentro de casa ajuda a aliviar os efeitos do ar seco.

 Riscos à saúde aumentam com o calor
Com o aumento das temperaturas, crescem também os casos de mal-estar, dores de cabeça, tontura e quedas de pressão arterial. Em situações mais graves, pode ocorrer a chamada insolação, quando o corpo perde a capacidade de regular sua própria temperatura.

A médica clínica Dra. Renata Oliveira, ouvida pelo Blog do Amaury Alencar, explica que o calor extremo representa uma ameaça real:

“As pessoas subestimam o impacto do calor, mas ele pode causar desidratação severa e até levar à internação. É fundamental repor líquidos e evitar longos períodos de exposição solar. O corpo humano não foi feito para suportar tantas horas sob temperaturas próximas de 40 graus.”

 Alerta para queimadas e incêndios florestais
O clima seco também aumenta o risco de incêndios florestais e queimadas em áreas rurais. Os municípios de Campos Sales, Araripe, Potengi e Santana do Cariri já registraram ocorrências recentes de fogo em vegetação, algumas de grandes proporções, exigindo atuação do Corpo de Bombeiros e de brigadistas voluntários.

As autoridades ambientais reforçam o alerta: qualquer tipo de queimada é perigoso e proibido por lei. Além de destruir a flora e fauna locais, o fogo contribui para o agravamento da poluição do ar, podendo causar crises respiratórias e problemas cardíacos na população.

 Recomendações para enfrentar o período
Para lidar com o calor intenso e minimizar seus impactos, especialistas e órgãos de saúde recomendam:

Beber bastante água, mesmo sem sentir sede;

Evitar exercícios físicos nas horas mais quentes do dia;

Usar protetor solar e roupas leves de algodão;

Manter ambientes ventilados e úmidos;

Proteger idosos e crianças, que são mais vulneráveis;

Evitar queimadas e comunicar autoridades em caso de fumaça ou incêndios;

Cuidar dos animais domésticos, deixando sempre água fresca disponível.

 Esperança de mudança: pré-estação chuvosa à vista
De acordo com a Funceme, o cenário de calor extremo deve persistir até o final de novembro, quando as condições atmosféricas começam a se modificar com a aproximação da pré-estação chuvosa. As primeiras pancadas de chuva, típicas do início de dezembro, devem trazer alívio momentâneo, mas o retorno das chuvas regulares ainda dependerá das condições oceânicas no Atlântico e no Pacífico.

Enquanto isso, o Cariri segue sob o domínio do sol escaldante e do ar seco, em um dos períodos mais desafiadores do ano para quem vive na região. A recomendação é redobrar os cuidados com a saúde e o meio ambiente, até que o tão esperado período chuvoso volte a refrescar o sertão.

 Reportagem do Blog do Amaury Alencar — compromisso com a informação e com o povo do Cariri.