Iguatu : Projeto Karatê & Comunidade envolve crianças e adolescente no João Paulo II

Blog do  Amaury Alencar
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Um projeto movido por pessoas que são apaixonadas e motivadas pelo bem-estar de outras pessoas, principalmente crianças e adolescentes. Assim, pode ser definido o Karatê & Comunidade, idealizado pela educadora física Chaguinha (Francisca das Chagas Gonçalves) e seu esposo Antônio Bezerra da Silva, no bairro João Paulo II. Mais de trinta crianças, adolescentes e até adultos são assistidos semanalmente com a prática do karatê. Iniciado em 2014, o projeto foi abraçado pelo professor Renildo Câmara Dias, ‘sensei Renildo’, (título para tratar com respeito um professor ou um mestre).

Inicialmente o projeto funcionava na Escola CAIC, mas, desde 2022, passou a funcionar no Centro de Esportes, no mesmo bairro, equipamento ligado à Secretaria da Assistência Social de Iguatu. O Karatê & Comunidade promove cidadania através do esporte, graças a parcerias e apoios, por isso as aulas continuam acontecendo. “A gente teve um início em 2014, mas infelizmente não vingou o projeto. Em 2022, teve a pandemia e depois dela a gente resolveu reiniciar. Graças a Deus, a gente contou com o apoio da Secretaria da Assistência Social, principalmente pelos coordenadores que passaram pelo Centro de Esporte e continuamos até hoje. Assim como somos gratos ao sensei Renildo, nosso professor.”, conta Chaguinha.

Tudo teve início quando Chaguinha passou a praticar o esporte para melhorar a habilidade. “Eu tenho uma dificuldade muito grande de executar dois movimentos ao mesmo tempo. Eu entrei no karatê em 2007. Entrei para desenvolver minhas habilidades. Depois que passei a praticar, achei interessante desenvolver com os jovens e crianças da nossa comunidade, aqui no João Paulo II, porque trabalha a coordenação, a disciplina, respeito. Escrevi o projeto, levei para a direção da escola, no caso o CAIC, e recebemos todo apoio na época, depois tivemos que parar. Há três anos, reescrevi o projeto com o apoio do sensei Renildo. Ele ficou apoiando a gente, e também é nosso professor e graças a Deus a gente passou a desenvolver aqui no Centro de Esporte e vem dando certo”, disse.

Paixão

Diante desse novo cenário, Chaguinha e Antônio se mostraram motivados a continuar. “O karatê é uma luta muito boa, porque só traz benefícios para a saúde de quem pratica, principalmente porque tem a questão de mundo, que o esporte nos proporciona. Eu gosto muito. Sou apaixonada pelo karatê e também por essas crianças e adolescentes também. A energia deles é muito boa”, pontuou.

Paixão também vivida pelo professor Antônio, também ‘nascido e criado’ no bairro João Paulo II. “O karatê para mim é uma fonte de resiliência, resistência. Em relação à garotada, a gente busca passar uma visão de mundo para que elas tenham uma boa vivência. Não brigar, mas se defender quando necessário. Porque nosso lema abrange respeito, disciplina, tudo isso a gente passa aqui”, disse.

As aulas acontecem semanalmente de segunda a quinta, a partir das 18h30. Já aos sábados, acontecem treinos de luta para os atletas competidores, graduados. O projeto recebe alunos a partir dos 6 anos, e é gratuito. Muitos frutos estão surgindo pelo projeto social, alguns adolescentes acabam auxiliando as aulas, apoiando os professores. Muitos querem continuar no esporte, se tornar atletas profissionais e buscar a tão desejada faixa preta.

Jan Carlos Avelino Martins, 16, é um dos atletas que ajudam repassando seus conhecimentos do esporte para os colegas. “Comecei a fazer karatê desde o início do projeto. Lembro que estava no 9º ano, estudando no CAIC, quando surgiu essa oportunidade, sempre tive vontade de aprender artes marciais. O karatê me ajudou muito. Aprendi a respeitar o próximo. O esporte me ajuda em muitas coisas na minha vida. Sou faixa vermelha e pretendo ser faixa preta. Agradeço demais a Chaguinha e ao Antônio que muito fazem por nós”, disse.

O jovem Caio Deilysson Gomes, 17, pratica o esporte desde 2022. “Fiquei sabendo também na escola e sempre tive vontade de praticar uma luta, fazer arte marcial como defesa, ser mais disciplinado, e estou aprendendo, em evolução, pretendo ser professor, faixa preta também”.

Família

Não só as crianças e adolescentes, mas familiares acabam se envolvendo com o projeto. Diante desse trabalho efetivo realizado com disciplina, ética e amor, pais também se manifestam, ações transformadoras proporcionadas pelo esporte. Valter Leite, serigrafista, sempre que pode acompanha as aulas da filha Ana Júlia. Apaixonado por futebol esperava que a filha também seguisse seu gosto, mas adolescente gosta mesmo é do karatê, e ele apoia. “Como eu gosto de futebol, queria que ela gostasse também. Ela quis praticar o karatê, quando eu vi ela vindo para essa área, passei a apoiar. O trabalho feito aqui é muito bom. Ajuda muito a ter disciplina, acolhimento com as pessoas, o social, fez mais amigos, melhorou ainda mais na escola. O esporte tem proporcionado uma vida bem boa para ela”, disse.

Ana Júlia Ferreira reforça as palavras do pai. “Para mim foi uma experiência nova, não tinha visto falar em artes marciais, eu decidi experimentar. Está sendo muito bom. Amei e continuo gostando de coração. Eu amo estar aqui por mais que eu seja aluna, também auxílio nossos mestres dando aula para meus amigos, repassando meus conhecimentos. Um dia eu pretendo ter meu próprio ‘Dojô’ (local de treino) e possa continuar praticando e ensinando karatê”, completou Ana Julia, que faixa vermelha no esporte.

A agricultora Leiliane Casimiro Marçal participa pelo menos duas vezes por semana, às terças e quintas-feiras, das aulas de karatê, com a filha Ágata Doca Casimiro. Elas moram no sítio Fortuna, zona rural de Acopiara. Primeiro foi a filha, e assistindo à pequena praticando o esporte, também resolveu se inscrever e as duas estão praticando a luta. “Eu vim acompanhar ela, acabei gostando tanto que também passei a praticar. A gente vem duas vezes. Depois das férias a gente procurou um esporte para ela, até para sair do celular. Tem sido muito bom pra gente”, contou a mãe. “Está sendo muito bom. Eu gosto bastante. Estou me dedicando bem e pretendo continuar junto com minha mãe”, disse a pequena.

Apoio

Todo esse amor empenhado é de forma gratuita e constante, mas precisa de apoiadores e patrocinadores, porque a proposta é continuar assistindo as crianças e ajudar a formar campeões. Manter o projeto é a parte mais difícil porque não tem apoio financeiro, funciona graças à parceria da Secretaria da Assistência Social, que cede o espaço para os treinamentos. “Essa é a parte mais difícil de ser disciplinada. A gente tira do bolso muitas vezes, perturba muito as pessoas. Faz uma rifa, um pix solidário. Pede a um, a outro. Principalmente para ajudar nas trocas de faixas, que tem investimento elevado e muitos pais não têm condições de comprar nem o quimono, são de doação, por isso a gente precisa desse apoio das pessoas. Estamos atrasados com as trocas de faixa dos alunos por falta de recursos. Desde outubro do ano passado a gente era para ter feita a troca dos faixa branca, mas não conseguimos arrecadar o valor de mais de R$ 3.500,00. A gente acaba divulgando nas redes sociais as campanhas solidárias em prol dos alunos”, lamenta Chaguinha.

Pelo menos o espaço eles ocupam no Centro de Esportes. “Graças a Deus, temos o apoio da Assistência Social, parceria essa que esperamos se firmar ainda mais. O projeto precisa muito desse apoio porque temos alunos bons, dedicados que estão se tornando grandes atletas, mas infelizmente acabam esbarrando em questões financeiras, por exemplo o quimono para as competições e os kits tem tudo que ser homologado, oficial. Como a gente não tem tudo, acaba tendo revezamento de kits, os quimonos são doações, precisamos também do tatame porque é preciso para eles treinarem projeção, queda, luta, se eles não treinam no tatame tem dificuldades nas competições”, complementa Chaguinha.

As pessoas interessadas em participar das aulas, conhecer o projeto ou mesmo ajudar o projeto bastam entrar em contato com Chaguinha pelo perfil no Instagram: Francisca das Chagas de Paula Gonçalves.


                                                                 Jornal a Praça 

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