Oito de julho: Pequena lembrança, grande herança

Blog do  Amaury Alencar
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                                                             Foto: Augusto Pessoa


No sábado que vem, mais precisamente 8 de julho, será tempo de rememorar o dia em

que a cadeira do poeta parou de "se abalançá". Data em que seu olhar deixou de

enxergar daqui o longe e para longe se foi para nos fitar. Vinte e um anos sem Patativa do

Assaré neste plano. Naquele 2002, a finitude do que é carne se abateu sobre o pequeno

homem sertanejo, mas "o nome de um passarinho, uma viola de pinho e os versos de um

cantadô", porém, seguem livres e serelepes, nos exibindo, por meio da literatura, do

repente e do cordel - renascidos em música - o valor de sua obra. Um legado que,

embora plantado no simples, no mais puro do frugal, ao florescer, não cabe em qualquer

quintal.


Ela, ao contrário, expande-se, e o Sesc Ceará tem o orgulho de servir de canal para essa

difusão, que não há de "morrê" como Boi Fubá. Nem como Vaca Estrela. A voz do poeta

da roça segue a gorjear, tanto em nosso quintal como por outras tantas terras, graças a

esse apoio contínuo e fundamental, materializado em iniciativas como o Memorial

Patativa, que está retomando suas atividades na mais plena força.


O Memorial é um espaço cultural dedicado à preservação e celebração da vida e obra de

Antônio Gonçalves da Silva, o nosso Patativa. Localizado na cidade de Assaré, o

equipamento cultural funciona como um verdadeiro tesouro para os amantes da literatura

e da cultura nordestina, uma mostra do que a região que traceja a Chapada do Araripe

tem de mais perene: suas tradições, que por lá germinam e seguem viagem por aí.

Sem esse tipo de apoio - que também pede suporte governamental e constante

engajamento de toda a sociedade civil - o funcionamento do Memorial Patativa do Assaré

não teria como envolver sua combinação de exposições, seu acervo bibliográfico e as

atividades culturais envolvidas. Lugar para os visitantes terem a oportunidade de


conhecer de perto a história e a poesia de um dos mais populares porta-vozes do nosso

"Caririzim de açúcar".

Como local essencial para compreender e valorizar a cultura nordestina e a contribuição

de Patativa para a literatura brasileira, o Memorial não poderia prescindir de uma

homenagem ao homem e ao artista. Então, sintam-se todos convidados, no sábado, a

transformar essa saudade relutante em um dia de homenagens, apresentações artísticas

e lançamentos de cordéis, a partir das 13h30, no Auditório Belinha Cidrão, a ser

encerrado com a tradicional missa da Igreja Nossa Senhora das Dores.

"Uma pequena lembrança, uma pequenina herança, em prova do meu amô", como

disseram uns certos versos.


Alemberg Quindins, gerente de Culturas do Sesc Ceará

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