"Não preciso andar com placa de que sou autoridade para ser respeitada", diz delegada barrada em loja

Blog do  Amaury Alencar
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FORTALEZA-CE, BRASIL, 22-09-2021  Delegada da Polícia Civil Ana Paula Silva Santos que acusou funcionário da loja Zara de racismo. (Foto: Júlio Caesar / O Povo)(foto: JÚLIO CAESAR)

FORTALEZA-CE, BRASIL, 22-09-2021 Delegada da Polícia Civil Ana Paula Silva Santos que acusou funcionário da loja Zara de racismo. (Foto: Júlio Caesar / O Povo)(foto: JÚLIO CAESAR)

 Em entrevista na sede do Complexo de Delegacias Especializadas (Code), a delegada Ana Paula Barroso, diretora-adjunta do Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV) disse que, no momento em que foi barrada de entrar na loja Zara do shopping Iguatemi, não deu voz de prisão ao gerente da loja por racismo porque foi surpreendida. “Não esperava”, conta a delegada. Ana Paula frisa que não vai alterar uma vírgula do que ocorreu ali e que, em momento nenhum, houve a menção do funcionário de que a abordagem era por conta de ela estar tomando o sorvete ou estar com a máscara no queixo. “Não preciso andar com placa de que sou autoridade para ser respeitada”, diz.

O episódio aconteceu na terça-feira da semana passada, dia 14. Segundo Ana Paula Barroso, o funcionário da loja a abordou, pedindo que ela se retirasse do estabelecimento por "questão de segurança". Ela diz que, no início, não entendeu a razão da ordenação e ainda questionou se o motivo era porque a delegada estava tomando um sorvete. O gerente, completa a delegada, somente repetia que a questão era "de segurança". Então, Ana Paula se dirigiu ao setor de segurança do shopping e questionou se a postura da loja era realmente a adotada. Ao voltar à loja, o gerente ainda manteve o posicionamento.

A delegada, que trabalha em um departamento dedicado a grupos vulneráveis, diz que tudo é “um propósito de Deus". Ana Paula conta que saiu de uma sorveteria próxima à loja e o rapaz veio na direção dela. “Eu imaginava que era um vendedor que ia me atender”, diz. Ela conta que o homem chegou gesticulando e falando de forma rápida, mas muito enfático sobre o fato de ela não poder permanecer na loja "por questão de segurança”. Ela, que ficou surpresa com a abordagem, questionou se era por conta do sorvete. “Em momento nenhum ele falou que era por conta disso”, diz.

A delegada aponta que, se o funcionário tivesse explanado a razão, ela teria saído da loja, tomado o sorvete e voltado em seguida. “Eu não estaria passando essa exposição. Porque não tenho dúvida, por muito menos eu acatei a ordem dele. Porque eu poderia ter permanecido (na loja). E olha, eu não estou errada, não estou fazendo nada de errado na loja. No shopping todinho, eu vinha andando de máscara”, conta.

Várias pessoas, ainda de acordo com a delegada, já foram ouvidas no inquérito e afirmaram que entraram no estabelecimento tomando sorvete ou comendo outra coisa.

                                         o Povo 

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