O ex-presidente Lula (PT) concedeu uma entrevista coletiva para imprensa piauiense no início da tarde desta quarta-feira (18). Entre as seis perguntas que respondeu o petista fez críticas ao presidente da república Jair Bolsonaro (sem partido), alfinetou o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira e mais uma vez rasgou elogios ao governador Wellington Dias (PT).
Lula deu abertura à coletiva garantindo aos jornalistas que poderiam fazer a ele qualquer pergunta: “Não vou agredir nenhum jornalista. Não vou ficar zangado com vocês, perguntem o que vocês quiserem. A única coisa que pode acontecer é se eu não souber, vou dizer que não sei”, assegurou. Em todo o percurso por Teresina, Lula buscou destacar as diferentes posturas que adotou em relação a Bolsonaro, como a relação com a imprensa e o incentivo ao uso de máscara e distanciamento social.
Em suas falas ele também citou por diversas vezes a palavra “impeachment” e frisou que para ele, o rival pode escapar de ser deposto, mas não deixará de ser “julgado pelo povo”. Em um outro momento, Lula também chamou Bolsonaro de mentiroso, truculento, irresponsável e “brigão”. Ele ainda acrescentou que Bolsonaro estarei levando o Exército Brasileiro a cometer ações “fora da normalidade” na visão dele.
“Comecei a coletiva dizendo que ele briga com todo mundo, briga com jornalista, agride a pessoa conforme a pergunta. É uma pessoa que vive contanto cinco mentiras por dia. Não é possível governar uma nação com 215 milhões de habitantes, com 29 milhões passando fome, mentindo todo dia. Não tem briga no Judiciário, tem briga de um presidente truculento, irresponsável, que como não tem competência para montar um governo está causando um problema sério para as Forças Armadas. Está levando as Forças Armadas a não ter um comportamento que não é hábito deles. Não foi assim no meu governo, nem FHC ou Sarney” , disse.
O ex-presidente do Brasil ainda fez uma análise sobre a nomeação do senador licenciado piauiense, Ciro Nogueira, para Casa Civil. Lula afirmou não acreditar que o “casamento” entre o novo ministro e Bolsonaro seja sólido. Para ele, o capitão não terá a sustenção que acredita. O petista ainda citou as recém derrota do presidente no Congresso e questionou a força e influência de Ciro Nogueira no conhecido Centrão.
“Eu não sei por quanto o Ciro ficará com o Bolsonaro. Não tenho nenhuma certeza e acredito que esse casamento será mais curto do que se imaginava. No casamento a gente é obrigado fazer o compromisso de amar a pessoa na saúde e na doença. O Ciro deve ter prometido isso para o Bolsonaro, porque o Bolsonaro levou o Ciro Nogueira para o Governo como se fosse um Deus para salvar a articulação política do Governo. Eu quero dizer para vocês que em Governo o presidente da República, como o Bolsonaro se comporta, ele não terá a sustentação que ele pensa que terá. O Bolsonaro já perdeu nesses dias o voto impresso, o distritão. Então, ele já perdeu. O Ciro começou não tendo a força”,avaliou. […]E u acho que o Bolsonaro está tentando, mas não vai conseguir defender nem em X, nem em zigue-zague, nem o indefensável, porque ele pode até escapar do impeachment, mas não escapará do julgamento do povo brasileiro”, acrescentou
O ex-presidente relembrou o pedido em que enfrentou as acusações na Lava-Jato e, posteriormente, quando permaneceu preso. O petista fez duras críticas ao ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, e revelou que na época a impressão que tinha era a de que o juiz era visto com um “Deus” e ele próprio como um “demônio”.
“Eu tinha duas opções: ou eu me acovardava e entrava no hall daqueles que passaram a considerar os meus acusadores verdadeiros deuses e que o Moro era um Deus, o salvador da pátria, um juiz idolatrado que ganhou todos os prêmios que a rede Globo dá. Ou seja, ele era um deus e eu era um demônio. [Mas] eu tinha tanta convicção que ele era um demônio que resolvi comprar um briga, fazer tudo que tinha que fazer com que a lava-jato pudesse ser usada para combater a corrupção, eles utilizam para montarem um quadrilha em benefício deles mesmo”, destacou.
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