A Câmara dos Deputados instalou a comissão especial para discutir as regras das Eleições de 2022. A Reforma Eleitoral tem como base a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 125/11, do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que adia a realização de eleições marcadas para data próxima a um feriado.
No entanto, os deputados vão sugerir outras mudanças, entre elas a reserva de vagas para deputadas mulheres e o incentivo à realização de plebiscitos e referendos.
O sistema eleitoral já causou polêmica na primeira reunião. Os deputados divergiram sobre a proposta de introduzir o sistema eleitoral majoritário para Câmara, com o chamado “distritão”.
“Precisamos de um amplo debate, pra gente apresentar uma proposta que atenda não somente aos interesses do Parlamento, mas aos interesses do Brasil, dos brasileiros que já estão descrentes da política”, disse.
A relatora da Comissão, deputada Renata Abreu (Podemos-SP), pediu diálogo para se chegar a um consenso. “O grande desafio desta comissão é conversar com os líderes e dirigentes partidários para avançar em algumas pautas importantes para o nosso País.” Renata Abreu também espera o envolvimento da sociedade no debate sobre a reforma. “É difícil para os participantes do jogo eleitoral definir as novas regras”, ponderou.
A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) também defendeu a transparência e participação social na Reforma Eleitoral. “Precisamos de mecanismos para prestação de contas dos recursos fornecidos para financiamento de campanhas”, sugeriu.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) pediu menos preconceito de ideias na discussão sobre a reforma eleitoral “Os jornais criticaram a comissão antes de ser constituída”, comentou. Silva apontou que é preciso ampliar a legitimidade do Parlamento. “O Brasil é democracia jovem. Onde nós erramos que se precarizou a composição do Parlamento?”, questionou. “Cada vez elegemos menos trabalhadores e há poucos deputados negros e poucas deputadas mulheres”, salientou.
Já o deputado Henrique Fontana (PT-RS) demonstrou preocupação com o debate sobre o distritão. Ele teme que a mudança no sistema prejudique o debate eleitoral sobre os programas dos partidos. “A adoção do distritão elevaria o problema do personalismo. Não se muda os rumos do País com a reunião de personalidades”, argumentou. Fontana também defendeu o financiamento público de campanha, sem a volta das doações de empresas. “Não podemos trazer de volta o voto censitário, em que os grandes financiadores têm direito de decidir quem será eleito.”
O deputado Fred Costa (Patriota-MG) alertou para o risco de a eleição majoritária para a Câmara aumentar os custos de campanha, especialmente em estados grandes, que têm muitos municípios. “Como um deputado vai representar com proximidade o cidadão, trabalhando em mais de 500 municípios em Minas Gerais?”, questionou. “O distritão vai rasgar o conteúdo programático dos partidos, enquanto youtubers e endinheirados vão ter preferência.”
(Agência Câmara de Notícias)