Pouca gente sabe, ainda assim, a chegada da água na torneira na comunidade Bela Vista, no município de Jaguaruana, foi comemorada no ano passado como a coroação de uma luta que já completava 24 anos. As 260 famílias acampadas lá, desde 1996, já tinham se acostumado tanto a carregar baldes em carroças que até as tampas dos tonéis plásticos, com capacidade para 50 litros, foram substituídas por tocos de madeira. Primeiro, veio a conquista do terreno de 4.486 hectares, depois a água chegou na hora certa para que, hoje, cerca de 800 pessoas usufruíssem do benefício e enfrentassem a pandemia do Covid-19 em segurança.
No dia 19 de março, data em que os agricultores percorrem o terço com os nós dos dedos sem descolar os olhos do céu, o Governo do Ceará homenageia o Santo Padroeiro com o relato de uma gente humilde. “Com certeza, a gente se sente mais segura com ela na torneira, porque não precisa pegar na carroça pra tomar banho, cozinhar, lavar a roupa ou até mão”, comemora Guiomar da Silva. “Uma das melhores coisas da vida foi essa água chegar e também o trator que recebemos do São José. Você sabe que água é vida e sem ela ninguém vive”, acrescenta Olípio Plácido da Silva, esposo de Guiomar e presidente da associação comunitária.
O dia a dia da localidade mudou com uma pequena parcela, menor que 0,59%, dos R$ 142,52 milhões investidos pelo Projeto São José III em abastecimento d´água no período entre 2015 e 2020. Com os R$ 848.375,39 executados pela Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) foi possível descobrir águas subterrâneas com vazão suficiente para atender as comunidades de Bela Vista e Serra dos Dantas, construir uma central de tratamento e bombear direto para os canos e para as casas de uma comunidade tão carente do interior do Ceará. De quebra, o catavento, que antes abastecia as casas, só sai na foto quando se precisa falar sobre desendentação animal. |