Aos 36 anos, Wilson Alves Ribeiro recebeu alta após dias na UTI.
Um dos grupos de maior risco na pandemia
do novo coronavírus é o de pacientes com problemas renais. O que dizer
então de uma pessoa com apenas um rim funcional? É o caso do analista de
informática Wilson Alves Ribeiro, de 36 anos. Há dez anos ele sofria
com uma doença renal crônica, que fez seus rins pararem de funcionar.
Então, recebeu a doação de um dos rins do seu pai, o que salvou sua
vida.
A partir de então, ele iniciou uma nova
vida, tendo apenas de tomar um medicamento contra rejeição do órgão. Mas
ao mesmo tempo que o mantém vivo, o remédio também diminui sua
imunidade, o que o torna um alvo fácil para novas doenças, como a
Covid-19.
Casado com a enfermeira Keila Aparecida,
de 34 anos, e pai de Miguel, de 8, e Nícolas, de 7, ele vislumbrou o
perigo após o Carnaval, quando a mulher disse que estavam chegando ao
hospital particular em que trabalha pessoas vindas do exterior com
sintomas do novo coronavírus.
Não demorou muito para Keila começar a
sentir dores lombares e ter muita tosse. Após fazer o teste, foi
confirmado que havia se contaminado. Wilson, então, mandou os filhos
para a casa dos avós e ele mesmo voltou para a casa da mãe, onde se
isolou em um quarto.
– Após dois dias, também comecei a
sentir febre e perda de apetite. Quando senti cansaço para tomar banho,
liguei o sinal de alerta. Fui direto para o pronto-socorro. Fiz
tomografia do tórax e deu uma lesão no pulmão característica da
Covid-19. Subi direto para a UTI.
Wilson iniciou o tratamento com
antibióticos e cloroquina para curar a pneumonia. De início, começou a
receber oxigênio por cateter no nariz. No segundo dia, passou para a
máscara de oxigênio, porque sua oxigenação no sangue estava baixa.
– Por pouco não fui entubado – diz ele, que ficou nove dias na UTI e mais cinco no quarto.
Como Wilson é transplantado, os médicos
tiveram de diminuir o remédio contra rejeição do rim para curar a
infecção pelo novo coronavírus. No final, tudo deu certo e ele recebeu
alta no Domingo de Páscoa.
– Desde então, estou em casa e só saio
em caso de necessidade – afirma, destacando que uma dessas saídas é para
levar a mulher ao trabalho, evitando o transporte público.
Após ter ficado oito dias internada,
Keila já voltou a trabalhar, mas agora com muito mais cuidado para
evitar novo contágio. Outra boa notícia é que a mãe dele, de 62 anos,
não pegou a Covid-19 nos sete dias em que ele esteve lá.
(Folhapress)