A crise instalada pela saída de Sergio Moro do Governo Federal na
última sexta-feira, 24, levou a um feito inédito na série histórica de
pesquisas realizadas pela consultoria Atlas Político: a maioria dos
entrevistados (54%) é favorável a um processo de impeachment contra o
presidente Jair Bolsonaro (sem partido). As informações são do jornal El
País.
Desde fevereiro, a aprovação do Governo vinha
em queda diante da crise do coronavírus e do baixo desempenho econômico
nesse período. Porém, a demissão do ministro mais popular de Bolsonaro
afetou diretamente seu capital político: 64,4% responderam que
desaprovam seu desempenho enquanto 30% o aprovam.
Enquanto isso, o ex-ministro Sergio Moro fortalece a
sua imagem pública e vê sua aprovação chegar a 57%, índice que não
alcançava desde a suspeição levantada sobre a sua atuação como juiz após
o vazamento de mensagens de integrantes da força-tarefa da Lava Jato.
A pesquisa mostrou ainda que 68% dos entrevistados
discordam da demissão de Valeixo por Bolsonaro enquanto 72% concordam
com as críticas feitas por Moro ao presidente, como a alegação de
tentativa de interferir politicamente em investigações da PF.
Troca de acusações
Na última sexta-feira, Moro deixou o Ministério da
Justiça e da Segurança Pública fazendo graves acusações contra o
presidente Jair Bolsonaro.
(https://www.opovo.com.br/noticias/politica/2020/04/24/moro-anuncia-saida-do-ministerio-da-justica-e-deixa-governo-bolsonaro.html)
Entre elas a de interferência nas investigações da Polícia Federal, com
a exoneração de Maurício Valeixo da direção-geral da PF, a contragosto
de Moro
Horas depois, o presidente rebateu Moro acusando-o de
mentir e negando intenção de interferir na PF. Ambos protagonizam uma
guerra política em meio à crise sanitária mais grave do século que
atingiu suas imagens públicas.
Pela primeira vez, Bolsonaro tem índices de rejeição
maiores que o ex-presidente Lula (PT). Bolsonaro também tem menos
popularidade que o ministro da economia Paulo Guedes, cuja aprovação só é
menor que a de Mandetta e de Moro. Líderes políticos que se colocam
como oposição, como por exemplo Lula e Fernando Haddad, não têm crescido
em meio à crise.
Sobre a pesquisa
A pesquisa do Atlas Político foi realizada com 2.000
pessoas entre os dias 24 e 26 de abril. A margem de erro é de dois
pontos percentuais. O Atlas Político é uma plataforma para inteligência
de dados e engajamento político.
o povo