Agência Brasil
O isolamento por 14
dias é, em geral, suficiente para garantir que alguém que tenha sido
infectado pelo novo coronavírus não contamine pessoas próximas. A
garantia fica ainda maior quando embasada por exames laboratoriais,
explicam especialistas consultados pela Agência Brasil.
Eles, no entanto, alertam para cuidados que se deve ter nos casos em
que o doente isolado mora com outras pessoas e, principalmente, quando
entre eles há um idoso.
“O prazo de 14 dias corresponde ao tempo de
transmissão do vírus”, explica a presidente da Sociedade de Infectologia
do Distrito Federal, Heloísa Ravagnani. Segundo a médica, após esse
período, o paciente pode voltar às atividades normais. “A princípio, sem
restrições, desde que esteja se sentindo bem, sem sintomas e com os
exames voltando à normalidade.”
De acordo com Heloísa, as pessoas costumam
confundir quarentena com isolamento. Enquanto a primeira medida é
determinada pelo governo, estabelecendo um prazo necessário para que
todos fiquem afastados socialmente de forma a evitar a disseminação do
vírus, o isolamento é diferente, por ser voltado a pessoas com suspeitas
ou que, de fato, estejam contaminadas.
“No caso da quarentena, as pessoas só saem
de casa para fazer coisas de extrema necessidade, como ir à farmácia, à
padaria, ao mercado. Obviamente sob a condição de que não façam disso um
evento social. Já os cuidados da pessoa em isolamento são diferentes,
pela suspeita de doença”, disse a infectologista à Agência Brasil.
Cuidados durante isolamento
A médica diz que o ideal é que a pessoa
fique sozinha em um cômodo, de preferência em um quarto com banheiro.
Ela fica dentro desse ambiente, a princípio sem máscara, mas tendo de
higienizar com álcool todos os objetos de que fizer uso frequente.
Caso o banheiro seja de uso comum, é
importante que a pessoa sob isolamento seja a última a usá-lo e que,
sempre após o uso, higienize-o com álcool 70% ou hipoclorito em todos os
locais tocados. “E todas vezes que sair do quarto e tiver contato com
outras pessoas na casa, tem de usar máscara para evitar a
transmissão.Os objetos que serão descartados – caso dos lenços, por
exemplo – devem ser fechados em sacos para depois serem juntados ao lixo
da família e, enfim, recolhidos pelos serviços de limpeza.
Heloísa acrescenta que o doente não pode
dividir talher, copo ou prato com outras pessoas. “É importante que a
pessoa troque a própria roupa de cama, que tem de ser colocada em saco
plástico para levar e ser lavada em separado”, explica Heloísa.
Membro da Sociedade Brasileira de
Infectologista, José David Urbaez Brito diz ser também indicado que a
limpeza do quarto seja feita pelo próprio paciente isolado. Já a higiene
das mãos deve ser feita com água e sabão, por pelo menos 1 minuto; ou
com álcool gel 70%, por 20 ou 30 segundos.
“Quanto à alimentação, o fornecimento tem de
ser feito de forma a não possibilitar o contato com o paciente. Se não
tiver outro jeito, quem for cuidar do paciente tem de usar máscara
cirúrgica, se manter a 2 metros do paciente, e usar avental
impermeável”, disse o médico.
Famílias grandes em casas pequenas
A maior preocupação, segundo os dois
especialistas, é com os idosos. Principalmente quando a família mora em
casas ou apartamentos de pequenos cômodos. “É comum famílias morando em
um ou dois cômodos, e em um ambiente muito pequeno não tem jeito: as
pessoas vão acabar sendo expostas ao vírus. A começar pelo fato de ser
importante que se tenha um colchão específico para a pessoa com a
covid-19”, explica Heloísa Ravagnani.
A presidente da Sociedade de Infectologia do
Distrito Federal diz que nessas situações os cuidados devem ser ainda
maiores. “Como vive muito próxima a outros, a pessoa ter de usar a
máscara todo o tempo. O problema é que a máscara deve ser trocada depois
de ficar úmida ou a cada duas horas.”
Idosos
Brito alerta que, no caso dos idosos, é de
extrema importância o isolamento total. “Não pode ter contato com
ninguém, e essa é a grande angústia quando se tem, entre os familiares
que vivem na mesma casa, uma pessoa contaminada.”
Ele aponta como solução as autoridades
adotarem medidas que viabilizem outros locais onde o idoso possa
permanecer enquanto algum dos entes com quem mora estiver em situação de
isolamento.
Uma das possibilidades sugeridas por ele é
aproveitar a baixa movimentação de hotéis e albergues para
disponibilizá-los a idosos que moram com pessoas infectadas ou com
suspeita de contaminação.