Conhecido como "antropólogo dos ruralistas", Edward Luz é preso por invadir terras indígenas

Blog do  Amaury Alencar

O antropólogo foi preso em flagrante delito por agente do Ibama.
O antropólogo foi preso em flagrante delito por agente do Ibama. (Foto: Reprodução/Vídeo)
Edward Luz, conhecido como "antropólogo dos ruralistas", foi preso por agente do Ibama neste domingo, 16, por invadir a terra indígena Ituna-Itatá, no Pará. Em vídeo publicado pelo Observatório do Clima no Twitter, o "antropólogo" afirma ter se encontrado com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na terça feira, 11, às 14h26min, e estar cumprindo ordens de Salles de que "nenhum patrimônio de população em situação de fragilidade será destruído".

No vídeo, o agente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pede que o antropólogo se retire das terras indígenas. Edward se recusa e questiona a autoridade do agente. "Se o senhor não se retirar da terra indígena agora, o senhor será conduzido por invasão à terra indígena", alerta novamente o agente. Após mais uma recusa, Edward é preso em flagrante delito.

O ministro Ricardo Salles negou ter enviado o antropólogo para a terra indígena. "Eu sequer o conhecia, só vi aquela vez [reunião do dia 11]", diz Salles à Folha de S. Paulo. A terra indígena de Ituna-Itatá faz parte da Amazônia Legal e é habitada pela tribo indígena Isolados do Igarapé Ipiaçava. Ituna-Itatá é a terra indígena mais desmatada do País, com mais de mil hectares desvatados somente em janeiro de 2020.

Quem é Edward Luz

Edward foi expulso da Associação Brasileira de Antropólogos (ABA) em 2013, por não corroborar com as afirmações “equivocadas e reducionistas, inteiramente desprovidas de rigor e embasamento científico” do antropólogo. O antropólogo afirma ser a favor da demarcação de terras indígenas para indígenas, desde que não afete setores produtivos nacionais e interesses econômicos nacionais.
Ele é filho do pastor Edward Gomes da Luz, que afirmou que o indígena "ou vai ajoelhar voluntariamente, adorando [ao deus cristão] , ou vai ajoelhar obrigatoriamente, temendo [ao deus cristão]”, em 2011 em entrevista ao The Intercept Brasil.


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