As investigações da sétima etapa da
Operação Calvário, denominada de Operação Juízo Final, indicam que a
organização criminosa chefiada pelo ex-governador Ricardo Coutinho (PSB)
e com a participação do atual governador João Azevedo (sem partido),
era estruturada pelos núcleos político, econômico, administrativo e
financeiro operacional, totalizando 36 investigados.
A família Coutinho trabalhava unida na
corrupção, a julgar pelos relatos das investigações, com a participação
de um irmão e duas irmãs do ex-governador. Outra figura central no
esquema era o ex-senador Ney Suassuna.
A Polícia Federal recebeu ordens para
prender preventivamente 17 pessoas, entre as quais Ricardo Coutinho, e
cumprir 54 mandados de busca e apreensão, um deles na sede do governo
paraibano, porque um dos alvos é o atual governador.
Saiba quem são os investigados e como
atuava cada um deles, seundo descreve o jornal Correio da Paraíba, o
mais importante do Estado:
Ricardo Coutinho – apontado como líder
do núcleo, sendo responsável direto pela tomada de decisão e pelos
métodos de arrecadação de propina, bem como sua divisão e aplicação;
Estela Bezerra (PSB) – apontada como uma
das principais articuladoras da organização, responsável pela
estruturação das atividades das organizações sociais. Segundo a Justiça,
por meio de sua companheira, Cláudia Veras, Estela geriu a pasta da
Saúde e foi uma das principais responsáveis pelos estratagemas
utilizados para dar ar de legalidade às organizações sociais;
Cida Ramos (PSB) – apontada como “uma
das mais fiéis integrantes da organização” e “umbilicalmente ligada ao
ex-senador Ney Robisson Suassuna”. Cida foi, conforme a Justiça,
escolhida para representar os interesses do grupo criminoso nos poderes
executivo e legislativo;
Márcia Lucena (PSB) – apontada como
responsável pela estruturação das fraudes na Educação e escolhida para
representar os interesses da organização no poder executivo.
Núcleo econômico
Daniel Gomes da Silva – operador da Cruz
Vermelha do Brasil (filial Rio Grande do Sul) e do Instituto de
Psicologia Clínica Educacional e Profissional;
David Clemente Monteiro Correia – operador do Instituto Gerir;
Vladimir Neiva – responsável pela Editora GRAFSET Ltda;
Valdemar Abdalla – responsável pela empresa Brink Mobil Equipamentos Educacionais Ltda;
Márcio Nogueira Vignoli e Hilário
Ananias Queiroz Nogueira – responsáveis pela empresa Conesul Comercial e
Tecnologia Educacional Eireli;
Jardel da Silva Aderico – responsável pela Editora Inteligência Relacional.
Núcleo administrativo
Waldson de Souza – apontado como
responsável pelos acordos políticos e apoios, mediante repasse de
dinheiro a prefeitos, deputados e candidatos nos 223 municípios
paraibanos. Waldson também estruturou mecanismos de ocultação das
propinas, por meio de escritórios de advocacia, e era responsável pela
escolha de agentes econômicos;
Livânia Farias – apontada como
responsável pela arrecadação de propinas, enviando seus servidores
(Leandro Azevedo e Laura Farias) por todo o Brasil para recolher os
valores. Ela combinava e controlava os valores de propinas de diversos
outros serviços, além de estruturar mecanismos de ocultação de recursos e
ser responsável pela escolha de agentes econômicos;
Gilberto Carneiro – responsável pela
ponte com órgãos de controle e judiciário, exercendo influência em todos
os assuntos, inclusive na escolha de mebros do TCE, Ministério Público e
Tribunal de Justiça, com o aval do ex-governador Ricardo Coutinho e do
atual governador, João Azevêdo. Carneiro também integrava diversos
conselhos de administração de empresas do Estado, estruturava mecanismos
de ocultação de propinas por meio de escritórios de advocacia e era
responsável pela escolha de agentes econômicos;
José Edvaldo Rosas – era presidente do
PSB e responsável pela interação com vários agentes políticos, incluindo
prefeitos. Tinha confiança de Ricardo Coutinho e atuava no esquema em
conjunto com Gilberto Carneiro e Ivan Burity;
Cláudia Veras – permitia a atuação da
organização criminosa. Secretária da Saúde durante a gestão de Ricardo
Coutinho, foi mantida na função por João Azevêdo até abril deste ano,
quando migrou para a pasta executiva de Desenvolvimento e Articulação
Municipal;
Ivan Burity – apontado como um dos
grandes articuladores nas ações estruturadas de propina na Educação.
Atuava junto com Gilberto Carneiro, Livânia Farias e Leandro Nunes;
Tatiana Domiciano – presidente da PBGás
no governo de Ricardo Coutinho e mantida por João Azevêdo. Também já foi
presidente da CINEP, secretária de Comunicação do Estado e atuou muito
no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa. Solicitava com
frequência a contratação de pessoas, bem como o atendimento em unidades
hospitalares. Em 2018, Tatiana cedeu, sem ônus e por 20 anos, um imóvel
de propriedade da CINEP para virar sede da Cruz Vermelha na Paraíba;
Yuri Simpson Lobato – presidente da
PBPrev no governo de Ricardo e mantido por João até novembro deste ano. É
sócio do escritório Lobato Advogados, contratado pela Cruz Vermelha a
mando de Gilberto Carneiro. O escritório era usado para desvios de
recursos públicos e repassava propina de percentual do seu contrato com a
Cruz Vermelha para o operador Daniel Gomes;
Aracilba Rocha – ex-secretária de Estado
de Finanças e da Fazenda no governo de Ricardo Coutinho. Foi
responsável pela intermediação da organização criminosa com vários
operadores, agentes políticos e lobistas, além de ser pessoa de
confiança de Ney Suassuna.
Núcelo financeiro operacional
Coriolano Coutinho – apontado como um
dos principais responsáveis pela coleta de propinas destinadas ao irmão,
Ricardo Coutinho, bem como por circular nas estruturas de governo para
advogar interesses da organização junto a membros de alto escalão;
Ney Robisson Suassuna – possui fortes
vínculos políticos no Estado e é apontado como responsável pela
internalização das operações de Daniel Gomes na Paraíba;
Geo Luiz de Souza Fontes – motorista e
apontado como responsável por arrecadar propinas para Gilberto Carneiro e
administrar os bens lícitos e ilícitos do ex-procurador do Estado;
Leandro Nunes – assessor de Livânia
Farias e apontado como um dos maiores responsáveis pela coleta de
propina na organização criminosa;
Maria Laura Farias – também ligada a
Livânia Farias, era responsável pela gestão administrativa do canal 40 e
pelo recolhimento de propina junto a Ivan Burity;
Bruno Miguel Teixeira de Avelar Pereira
Caldas – ligado a Waldson de Souza e apontado como responsável por
empresas de fachada e pela coleta e distribuição de propina;
Cassiano Pascoal – ligado a Ney Suassuna e apontado como responsável pela apresentação da operação de David Clemente da Paraíba;
Emídio Barbosa de Lima Brito – apontado como ‘laranja’ nas operações de Ney Suassuna
José Arthur Viana Teixeira – secretário
executivo de Educação na gestão de Ricardo Coutinho e ex-coordenador de
Metrologia Legal do governo João Azevêdo. Apontado como um dos
principais responsáveis por diversas fraudes nas licitações do Estado;
Jair Éder Araújo Pessoa Júnior – sobrinho de Edvaldo Rosas e responsável pela ocultação de propinas dirigidas a ele;
Benny Pereira de Lima – apontado como ‘laranja’ de Coriolano Coutinho;
Breno Dornelles Pahim Neto – apontado como ‘laranja’ da família Coutinho;
Denise Krummenauer Pahim – apontada como ‘laranja’ da família Coutinho;
Francisco das Chagas Ferreira – apontado como ‘laranja’ de Waldson de Souza
Raquel Vieira Coutinho – irmã de Ricardo
Coutinho e apontada como uma das responsáveis pela estruturação de
processos de branqueamento de capitais, atuando na ART Final e demais
empresas;
Sandra Coutinho – irmã de Ricardo
Coutinho e apontada como uma das responsáveis pela estruturação de
processos de branqueamento de capitais, atuando junto à Cruz Vermelha.
(Diário do Poder)