Maia: imposto sobre transação financeira digital não passa na Câmara
Author -
personBlog do Amaury Alencar
dezembro 20, 2019
share
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse
nesta quinta-feira (19) que não há ambiente político para a criação de
um imposto sobre transações financeiras digitais. Ontem (18), o ministro
da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a equipe econômica estuda a
criação de um imposto sobre transações para financiar a desoneração da
folha de pagamento.
“Essa é uma agenda que vai ter muita dificuldade de avançar [no
Parlamento], na Câmara é praticamente impossível”, avaliou, após café da
manhã com jornalistas na Residência Oficial da Câmara. Marcelo Camargo/Agência Brasil
“Não [passa na Câmara], porque esse é um imposto que é regressivo e
que mais uma vez atinge o cidadão mais simples. A justificativa de que é
para evitar a sonegação não é verdadeira e em 2007 nós provamos isso.
Tem uma lei que cuida desse tema. Todas as transações serão, ao longo
dos próximos anos, sempre digitais. Então, cada vez se dificulta mais a
sonegação, independente de uma nova tributação e essa tributação ainda
exporta imposto. Quer dizer que gera menos competitividade para o setor
produtivo brasileiro. Então, não há nenhum ganho”, acrescentou o
deputado.
Segundo Maia, a carga tributária brasileira já consome quase 40% do
Produto Interno Bruto (PIB) e não racionaliza o sistema de arrecadação
do país. “Há outro caminho para desonerar a folha. Outros países, que
são economias fortes e têm carga tributária parecia com a do Brasil, têm
o seu sistema tributário no IVA Nacional [Imposto sobre o Valor
Agregado], que é o que a gente quer aprovar. E nenhum deles tributa a
folha como nós tributamos”, completou.
Fundo eleitoral
Em meio à polêmica sobre os recursos destinados no Orçamento da União
para Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), conhecido
como fundo eleitoral,
Maia defendeu a necessidade de rediscutir o modelo de financiamento de
campanhas. Atualmente, a legislação proíbe doações de empresas privadas e
estabelece um limite em até 10% do seu rendimento no ano anterior as
doações de pessoas físicas.
“O que eu acho que a gente vai fazer é organizar o financiamento.
Vamos reduzir o valor máximo [de doação] de pessoa física. Já que
ninguém precisa financiar a campanha, vamos botar cinco salários mínimos
no máximo”, afirmou.
Para Rodrigo Maia, é fundamental assegurar que nenhum segmento da
sociedade vai ter mais força para ingressar no Poder Legislativo, como
grandes empresários que podem dispor de autofinanciamento para as
campanhas eleitorais.
“O financiamento público existe na Espanha, na Alemanha, em vários
países. Como há uma crítica aos partidos políticos, a sociedade
radicaliza muito nesse tema. Nós precisamos mostrar que necessitamos
financiar a democracia e que uma parte do financiamento sendo público
pode tirar a pressão, por exemplo, do setor privado dentro da política.
Essa pressão gerou tantos problemas nos últimos anos”, completou.
Pelo Orçamento aprovado no Congresso nesta
terça-feira (17), serão destinados R$ 2,034 bilhões para o fundo
eleitoral em 2020 com as eleições municipais. Na manhã desta
quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que pode vetar o trecho do Orçamento.
“É um direito do presidente [vetar o fundo eleitoral]. Ele mandou o
valor de R$ 2 bilhões [na proposta orçamentária de 2020], o Congresso
aprovou o valor, ratificou a posição do presidente nesse tema. Se ele
vai vetar a sua própria proposta, é uma decisão dele”, argumentou o
deputado.Edição: Valéria Aguiar Fonte: Agência Barsil