Coordenador da bancada diz que deputados nordestinos são contra mudança no BNB
O deputado federal Júlio César (PSD-PI),
coordenador da bancada nordestina na Câmara, disse ao O POVO que a
manutenção de Romildo Rolim como presidente do Banco do Nordeste (BNB)
encontra apoio na maioria dos 151 deputados da Região. Na última
terça-feira, 3, o jornalista Igor Gadelha, da Revista Crusoé, noticiou
que Rolim será substituído do comando da instituição por Júlio Cézar Alves de Oliveira, natural de Mimoso do Sul, no Espírito Santo.
O deputado piauiense admite ter ouvido nos corredores
de Brasília que o Ministério da Economia trabalha primeiramente com esta
possibilidade, sem descartar outros nomes. Ontem, porém, o titular da
Secretaria do Governo, General Ramos, teria assegurado a ele, durante
audiência, que não há nada definido sobre o tema.
O deputado cearense Roberto Pessoa (PSDB) também esteve
no encontro e confirmou inicialmente a versão. Apesar disso, o tucano,
presidente de frente parlamentar em defesa do BNB e outras instituições
relevantes ao Nordeste, estranha o Governo falar em meritocracia e
liberar indicações políticas. "Rolim é um cara que todo mundo elogia,
principalmente pelo Crediamigo, microcrédito. Me admira muito (a
mudança), foi uma surpresa", ele afirma.
Em contato posterior com O POVO, no
entanto, Pessoa disse ter ouvido do ministro do Desenvolvimento
Regional, Gustavo Canuto, que o caminho é mesmo o da destituição de
Rolim para a condução de Júlio Cézar ao posto.
Também presente à conversa, José Airton (PT) afirma
que, embora não tenha ouvido a mesma coisa, a sensação é que "eles
querem acabar com o Banco do Nordeste". O indicado, na visão dele, não
tem méritos para assumir a função.
Tradicionalmente, indicações para o comando do BNB de
pessoas de estados do eixo Sul-Sudeste não é bem recebida. O último nome
de fora do Nordeste a ocupar a posição foi Ary Joel Lanzarin,
catarinense indicado em agosto de 2012 por Dilma Rousseff (PT).
A rejeição que o possível novo presidente do BNB teria
da maioria dos 151 deputados nordestinos deve ser argumento para o
coordenador da bancada nordestina no movimento que pretende fazer junto à
cúpula do Ministério da Economia. Júlio César adiantou que tentará
audiência com Salim Mattar, titular da Secretaria Especial da
Desestatização, vinculada ao Ministério da Economia. O petista Airton
defende uma "grande mobilização" contra a saída de Rolim.
Em 29 de março deste ano, Mattar disse à Veja que "não
faz sentido o Governo ter bancos". "Mas a orientação que recebi é de
manter a Caixa (Econômica), o Banco do Brasil e a Petrobras", afirmou,
sem inserir na fala o banco sediado no bairro Passaré, em Fortaleza.
Presente na noite de ontem na palestra do
vice-presidente da República Hamilton Mourão, realizada na Federação das
Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Romildo
Rolim garantiu que fica no comando da instituição e que rumores sobre
sua saída são boato. "A preço de hoje, eu fico no banco", declarou o
gestor.
O presidente do BNB garantiu que "não muda nada" no
comando do banco regional de fomento e acrescenta: "As pessoas dizem
muita coisa. Você, que é jornalista, sabe. Não muda nada na minha
situação".
Procurada por O POVO, a assessoria de
comunicação do Ministério da Economia respondeu que a pasta não irá se
pronunciar. O e-mail do gabinete do ministro Paulo Guedes não emitiu
respostas.
A indicação de Júlio Cézar Alves para o posto seria da
bancada do PL, para compensar espaço que não teve em comissões na Câmara
dos Deputados. O partido preside duas: Comissão de Defesa do Consumidor
e de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. A reportagem
tentou contatar o líder do partido na Câmara, Wellington Roberto (PL-PB)
tanto por meio da assessoria como pelo celular do deputado, mas não
obteve retorno. Roberto é apontado como o avalizador de Júlio Cézar
Alves.
(colaborou Henrique Araújo)
O Povo